“Estamos perante uma guerra biológica e temos especialistas nessa matéria no Exército que poderiam coordenar a resposta a nível nacional”

“Estamos perante uma guerra biológica e temos de mudar de estratégia”, diz Miguel Guimarães.

Miguel Guimarães defende que a resposta nacional à pandemia de covid-19 deve passar a ser liderada por um comando militar. O bastonário dos Médicos sublinha que a situação na Europa está a agravar-se e que não pode ser descartado um cenário idêntico em Portugal, em que pode vir a ser necessário mobilizar por exemplo unidades fabris nacionais para a produção de equipamento. “Estamos perante uma guerra biológica, de um ataque de um vírus novo, e temos especialistas nessa matéria no Exército que poderiam coordenar a resposta a nível nacional”, defende Miguel Guimarães, apelando a uma estratégia mais forte para diminuir a propagação do vírus. 

A Ordem dos Médicos avançou ontem que 20% dos casos confirmados de covid-19 em Portugal são médicos, números contrariados pela tutela. O secretário de Estado da Saúde garante, no entanto, que há cerca de 30 profissionais de saúde infectados, 18 deles médicos, entre os 448 infetados – uma percentagem inferior. Miguel Guimarães mantém que existem mais casos entre profissionais de saúde e defende que é necessário reforçar os equipamentos de proteção individual. À Ordem têm chegado vários relatos de falta de equipamentos de proteção e máscaras. O São João avançou como uso de máscaras por todos os profissionais mas esta não é ainda a realidade em todos os serviços. As orientações da Direção Geral da Saúde para a primeira fase de mitigação determina que durante a pandemia de covid-19 todos os profissionais de saúde devem utilizar, de forma responsável, máscara cirúrgica quando em contacto direto com doentes. Esta fase determina também que todos os doentes com suspeita de covid-19 devem ser submetidos a testes e registados na plataforma Sinave, usada pelos médicos, e tanto a ministra da Saúde como a diretora-geral da Saúde já apelaram para que esse registo seja feito. 

Ordem para barrar Esta terça-feira a Direção Geral da Saúde emitiu novas orientações sobre eventos de massas, estabelecendo que devem ser adiados ou cancelados todos os eventos que impliquem mais de 100 pessoas, que não tenham condições para assegurar o distanciamento social. 

Há também agora a ordem para interditar o acesso a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de infeção respiratória aguda (febre, tosse ou dificuldade respiratória). Foram publicadas ainda orientações para a prevenção da transmissão em estabelecimentos de atendimento ao público. Todos os atendimentos devem fazer-se idealmente a dois metros do balcão e recomenda a colocação de barreiras de acrílico. Todas as superfícies devem ser limpas pelo menos uma vez por dia, sendo que terminais de multibanco e dispensadores de senhas devem ser limpos hora a hora.