Sozinhos em Casa

A morte é um fardo de que o homem nunca se conseguiu livrar. Uns temem-na de tal forma que se tornam escravos do tempo. São os mais perigosos.

Na busca pela eternidade criaram forças que deixaram, de um momento para o outro e para seu grande espanto, de dominar. Talvez este fosse o momento certo para uma revolta, pelo menos para aqueles que ainda acreditam no “milagre da libertação”.

Como iremos reagir agora perante a criação da mais recente e inevitável prisão da humanidade? O escritor sueco Stig Dagerman, que se suicidou em 1954, responderia num momento de otimismo: «Sei que o mundo é mais forte do que eu. E para resistir ao seu poder só me tenho a mim. O que já não é pouco. Se o número não me esmagar, sou, também eu, um poder. E enquanto me for possível empurrar as palavras contra a força do mundo, esse poder será tremendo, pois quem constrói prisões expressa-se sempre pior do quem se bate pela liberdade».