Fundação Altice: derrubar barreiras

O Programa Inclui, da Fundação Altice, continua a usar a tecnologia para ‘abrir portas’ à comunidade com incapacidade, espalhada pelo país. Na escola, no trabalho e na vida.

Fundação Altice: derrubar barreiras

A Fundação Altice, beneficiando da experiência e know-how da Altice Portugal no contexto de tecnologia e inovação aplicado à responsabilidade social, tem vindo a promover as boas práticas da inclusão digital, em particular no que toca aos contextos escolar, profissional e social, disponibilizando um conjunto de produtos, serviços e soluções para pessoas com incapacidade – contribuindo, assim, para a prossecução da meta 10: Redução das Desigualdades, estabelecida pelas Nações Unidas.

O Programa Inclui, único em Portugal, tem como objetivo melhorar a autonomia das pessoas com incapacidade, tornando a comunicação acessível e possível através de diferentes dispositivos móveis. Reconhecendo a tecnologia como potenciadora da qualidade de vida, em especial dos que têm necessidades específicas de comunicação, a Fundação Altice tem procurado contribuir para o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo da sociedade, graças a um movimento baseado em parcerias setoriais e alinhado com a estratégia Europa 2020. 

O portefólio da Fundação Altice é completamente diferenciador e ajusta-se às necessidades específicas de cada um, induzindo novos graus de autonomia e autoconfiança e facilitando o relacionamento e a participação.

O Programa Inclui – disponível gratuitamente para quem dele necessita – abrange diversas opções, destacando-se produtos de acessibilidade como ‘Grid3’, desenvolvido para utilizadores com limitações neuromotoras, cognitivas ou da fala; ‘PC Eye mini’, uma câmara que permite aos utilizadores impossibilitados de usar os membros superiores acederem ao computador através do olhar; ‘Magic Eye’, que permite, também através do olhar, controlar o cursor do rato; ‘Magic Keyboard’, para um acesso total ao computador através de teclados dinâmicos e configuráveis; ‘Jaws’, direcionado para cegos, que converte em voz todo o texto apresentado no ecrã; ‘Zoom Text’, que amplia o ecrã e a voz para pessoas com baixa visão; ou ‘Smart Beetle’ e ‘Focus 14’, adaptável para smartphones, tablets ou computadores, e que permite a navegação, leitura e escrita em braille.

Mas também a ‘Teleaula’, por exemplo, tem demonstrado ser uma solução perfeita para alunos que estejam impossibilitados de assistir presencialmente às aulas, por motivos de doença grave ou incapacidade. Desenvolvida pela Altice Labs, a ‘Teleaula’ funciona a partir de um browser que permite o controlo da câmara, a partilha de documentos e a gravação de aulas. Os pedidos de instalação são realizados no âmbito do protocolo com a Direção Geral de Educação, através dos CRTIC, e da Direção Regional de Educação da Madeira, através da DAAT. 

Já o ‘Atendimento presencial a surdos em Língua Gestual Portuguesa’ disponibiliza atendimento presencial para a comunidade surda numa rede de 20 lojas MEO em todo o país, uma solução inovadora que permite um atendimento personalizado e adaptado e resulta de uma parceria com a Serviin, dando resposta no continente e ilhas. O atendimento presencial para surdos é totalmente gratuito e efetua-se por via do serviço de vídeo-interpretação Serviin, que facilita a comunicação entre a comunidade surda e a comunidade ouvinte, através de através de videochamada, telemóvel ou online. Na loja MEO um profissional, com preparação para o efeito, intermedeia a relação entre o cliente surdo e o intérprete de língua gestual portuguesa que se encontre do outro lado da linha, uma solução para os mais de 120 mil cidadãos surdos do país.

O ‘Magic Contact’, outro serviço disponível no Programa Inclui, é uma aplicação android gratuita que permite aos utilizadores com limitações neuromotoras graves (como paralisia cerebral) ou sem mobilidade dos membros superiores (tetraplégicos ou doentes com esclerose lateral amiotrófica) usarem um smartphone ou tablet. A aplicação foi desenvolvida pela Fundação Altice, em parceria com investigadores do Instituto Politécnico da Guarda, com o objetivo inicial de tornar possível a utilização de um ecrã tátil, através de formas alternativas, permitindo enviar SMS, navegar na internet, tirar fotografias ou, simplesmente, usar o comando virtual do MEO. E uma vez que às limitações neuromotoras também estão associadas limitações da fala, esta aplicação possui ferramentas que facilitam a comunicação aumentativa: texto para voz e tabelas de comunicação. A app ‘Magic Contact’ começou a ser desenvolvida em 2014, usando a metodologia User Centered Design, envolvendo potenciais utilizadores finais, com diversos níveis de afetação, e seus terapeutas e cuidadores. A Fundação Altice tem assegurado a evolução desta aplicação e, em 2019, foi lançado o ‘Magic Contact Lite’, uma versão mais simples, focada na comunicação aumentativa. Ainda no ano passado, dois alunos do Politécnico da Guarda desenvolveram uma versão online das tabelas de comunicação, dando origem à escrita de um artigo científico que foi submetido à conferência AHFE 2020, em San Diego, nos Estados Unidos (uma solução que pode ser conhecida em www.magiccontact.org).

É possível escrever um livro através do olhar
Filomena Borges, responsável pela Comunicação da Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica (APELA), explica que «a esclerose lateral amiotrófica (ELA) confronta-nos com cenários que implicam a coexistência da acessibilidade física e da acessibilidade comunicacional, um dado que nos leva frequentemente a pensar se ambas caminham ao mesmo nível». Numa doença com estas características, em que a perda da fala natural e a completa ausência de movimentos nos membros superiores reduz ao olhar a única forma possível de comunicar, «é crucial assegurar recursos humanos e técnicos para que a pessoa possa expressar as suas vontades, as suas angústias, os seus medos e receios». «É importante dar à pessoa com ELA a possibilidade de uma intervenção ativa na sociedade», sublinha.

Filomena Borges destaca o «papel absolutamente crucial a este nível, particularmente no momento de promover uma maior consciencialização dos públicos para a importância das tecnologias de apoio à comunicação, e também no momento de se envolver com o setor social, criando pontes que permitem que pessoas com patologias diversas possam comunicar sempre e em qualquer contexto». Sem a Fundação Altice, continua, «não seria possível alavancar um banco de produtos de apoio à comunicação que neste momento ajuda pessoas com ELA distribuídas de Norte a Sul do país», permitindo, inclusive, em 2020, mostrar que «é possível escrever um livro através do olhar e que é possível ter uma voz mesmo sem poder falar».

Álvaro Silva, estudante da Universidade do Algarve, sofre de uma doença neuromotora e utiliza tecnologias do Programa Inclui, como o ‘Grid3’ e o ‘PC Eye mini’. Com 29 anos, desloca-se em cadeira de rodas, com ventilação assistida de dia e de noite. «Após a finalização do ensino secundário vi-me ‘aprisionado’ sem poder continuar a estudar. A doação que foi feita pela Fundação Altice à Universidade do Algarve facultou-me a utilização do computador portátil, do ‘Grid3’ e do ’PC Eye mini’, que se constituíram equipamentos de apoio inestimáveis para a igualdade de oportunidades, autonomia e a minha capacidade de autodeterminação», destaca. «Estes equipamentos vieram, sem dúvida, possibilitar uma maior autonomia nas aulas, permitem-me ainda controlar o computador sem ter de depender de alguém para escrever ou clicar, tirar apontamentos e realizar as tarefas que sem estes equipamentos de apoio não seriam possíveis. Em termos profissionais no futuro, estes equipamentos continuarão a ser muito úteis para realizar qualquer tarefa ao computador, dando-me uma maior independência e permitindo-me mais facilmente realizar os meus sonhos», conclui.

Luís Azevedo, diretor da Anditec, empresa especializada em tecnologias de apoio, bate-se há vários anos pela acessibilidade digital em Portugal de pessoas com paralisia cerebral ou doenças neurológicas progressivas, como a ELA. «Tais limitações podem ser largamente ultrapassadas com recurso às chamadas tecnologias de apoio», garante, o que justifica uma longa parceria de 15 anos com a Fundação Altice e o Programa Inclui, que, na sua opinião, «têm permitido que sejam disponibilizadas através das lojas MEO tecnologias de apoio de enorme potencial para portadores de disfunções neuromotoras graves», como os produtos de apoio ‘Grid3’ e ‘PC Eye mini’. «Ambos os produtos, ao serem fortemente subsidiados pela Fundação Altice, têm permitido que muitos clientes com necessidades especiais a eles tenham acesso e deixem de estar infoexcluídos e se envolvam ativamente numa sociedade cada vez mais fortemente digital, em que é verdadeiramente crucial também garantir acessibilidade plena a cidadãos com deficiência, que constituem alguns dos grupos de maior vulnerabilidade da nossa sociedade», afirma. Luís Azevedo destaca ainda que a Fundação Altice tem tido «um papel da maior relevância no apoio especializado a clientes com necessidades especiais em Portugal, papel esse que é também verdadeiramente inovador a nível internacional, constituindo um exemplo que empresas de telecomunicações de outros países deveriam seguir».

90% prosseguem a escolaridade normalmente
Já Graça Faria, da direção de Acessibilidade e Ajudas Técnicas da Direção Regional de Educação da Madeira, sublinha o apoio da Fundação Altice, desde 2013, ao projeto ‘Teleaula – Aprender Sem Barreiras’, que decorre naquele arquipélago. Um projeto que «permitiu que, em cada ano letivo, uma média de 10 alunos, impossibilitados de assistir a aulas em regime presencial, por motivos de saúde física, psicológica ou ao abrigo do estatuto de alto rendimento desportivo, pudessem continuar o seu percurso escolar». «Este apoio é feito através da disponibilização de linhas de acesso à internet, equipamentos informáticos e câmaras de alta definição, assim como, mais recentemente, através da plataforma de ‘teleaula’», diz a responsável. «Após frequentar a teleaula, mais de 90% dos alunos prosseguem a sua escolaridade normalmente, e com sucesso, inclusive na transição para o ensino superior. No presente ano letivo, estiveram em regime de ‘teleaula’ 12 alunos, provenientes de diferentes estabelecimentos de ensino, e que, atualmente se encontram em regime de ensino à distância», refere Graça Faria. 

O projeto ‘Teleaula’ é coordenado, a nível regional, pela equipa da Divisão de Acessibilidade e Ajudas Técnicas, que colabora igualmente no desenvolvimento da plataforma, está implementado na Madeira desde 2004. Graça Faria afirma, porém, que «o apoio da Fundação Altice permitiu atender com maior celeridade e eficiência um maior número de alunos».

Exemplo disso é o projeto ‘Todos Podem Ler’, criado em 2010, que tem como finalidade o acesso universal à leitura por toda a comunidade educativa, e conta com o apoio da Fundação Altice há quatro anos. O projeto permitiu disponibilizar tecnologias de apoio à leitura e à escrita em 20 bibliotecas escolares, com tablets, computadores, periféricos alternativos e software facilitador da inclusão e acessibilidade.

Jaime Ribeiro, professor de terapia ocupacional da Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria, é coordenador do projeto de investigação de Tecnologias para a Educação Inclusiva, que estuda estratégias para a implementação das tecnologias do Programa Inclui, junto de crianças com necessidade especiais.

A parceira com a Fundação Altice iniciou-se em 2018, tratando-se de um projeto «que preenche todos os envolvidos e em que claramente existe uma relação simbiótica em que todos ganham: os participantes e beneficiários recebem equipamento para concretizar o seu potencial académico que é implementado e treinado por ‘profissionais’ especializados, os estudantes desenvolvem competências de atuação e investigação na área de tecnologias de apoio e a Fundação Altice vê cumprida a sua missão de apoiar a inclusão e promover a educação de estudantes do ensino básico ao secundário», afirma o responsável.

Jaime Ribeiro refere que «o projeto envolve a implementação de tecnologias de apoio junto de crianças com deficiência em idade escolar que, por algum motivo, ainda não haviam tido acesso a estes equipamentos, e tem ainda uma componente de investigação para identificação e descrição de boas práticas para disseminação junto da comunidade em geral». Neste âmbito, foram apoiadas três crianças, permitindo «remover barreiras e abriu portas». «A parceria continua e antevê-se mais crianças beneficiadas em 2020. Sem o envolvimento da Fundação Altice não seria possível a alocação célere destes equipamentos e aproveitar a sua utilização desde logo», conclui.