Em defesa dos restaurantes e esplanadas

Estes dois meses de encerramento marcarão de forma irrefutável este dinâmico setor e os seus operadores, em todas as variáveis, deixando infelizmente alguns pelo caminho, que não voltarão a abrir

O setor de turismo, onde se incluem, com grande relevância, a Hotelaria e os Estabelecimentos de restauração e bebidas, vulgo canal Horeca, representou em 2019 um contributo de quase 9% para o PIB de Portugal. 

O canal Horeca, também conhecido por consumo fora de casa ou pela classificação da Nielsen Incim, representa no nosso negócio de cerveja, mais de 65% do valor de vendas no mercado nacional.

Ora, este mercado encerrou ao público, decorrente da declaração do estado de emergência em 18 de março, subsistindo de forma residual alguns clientes, abraçando soluções como o takeway e/ou as entregas ao domicílio. A reabertura aos clientes presenciais destes estabelecimentos, segundo indicação do Governo, acontecerá a 18 de maio, com a indicação de lotação a 50%, funcionamento até às 23 h e mais condições específicas a regular.

Mas estes dois meses de encerramento marcarão de forma irrefutável este dinâmico setor e os seus operadores, em todas as variáveis, deixando infelizmente alguns pelo caminho, que não voltarão a abrir.

Desejamos que o número dos que não sobrevivam à crise seja residual, e os outros, esperando que sejam a grande maioria, que se reinventem, garantindo um equilíbrio entre a saúde pública, enquanto esta pandemia não estiver debelada, e a sobrevivência do seu negócio.

Como é normal, o regime de confinamento e as razões que levaram a tal, provocaram e provocam medo nos consumidores: Medo daquilo que não controlamos, medo do desconhecido, medo de nós próprios e dos outros, medo pelo falta de segurança sanitária em equipamentos e instalações, medo de nos relacionar socialmente. 

Este será um grande desafio para todos nós, como consumidores: como reganhar a confiança e irmos a estabelecimentos de restauração e bebidas? 

Para isso, para além da garantia de implementar procedimentos nos espaços Horeca que minimizem o risco de contágio, algo que a que a AHRESP e as Autoridades nacionais estão a definir como implementar e como assegurar a fiscalização de forma adequada e proporcionada, estou certo que os consumidores, a começar pelos portugueses, com a resiliência e capacidade de adaptação tão própria e já diversas vezes demonstrada, arranjarão maneira de dar a volta, reganhando confiança e, assim aos poucos, voltarmos a atingir a normalidade do nosso dia-a-dia, do qual faz parte tão importante o canal Horeca.

Com a expectativa de menos receitas e mais custos de contexto, e ainda sob a ameaça de uma segunda ou terceira vagas da pandemia, antes de haver uma vacina disponível, será necessário que todos os ajudemos dentro dos papéis que desempenhamos:

Os clientes a frequentar os estabelecimentos e consumindo;

Os fornecedores, onde se inclui a SCC, apoiando os estabelecimentos;

As autoridades governamentais viabilizando apoios;

As autarquias facilitando, desde que possível, licenciamentos de espaços ao ar livre.

As seguradoras e a banca a apoiarem e financiarem o negócio, dentro do possível e com as garantias e limites razoáveis.

O objetivo em vista terá de ser sempre o de suster este setor que não é apenas importante para a economia nacional como também se trata de um embaixador turístico da maneira de ser e de estar de Portugal e dos portugueses, promovendo os simples prazeres da vida e do seu quotidiano.

Nuno Pinto de Magalhães, Diretor de Comunicação da Sociedade Central de Cervejas