Covid-19. Região de Lisboa com o maior número de casos confirmados das últimas duas semanas

Concelhos de Lisboa, Loures, Amadora e Sintra registaram maior número de novos casos. DGS diz que casos têm origem mutivariada, de surtos em contexto laboral como aconteceu na Azambuja a transmissão comunitária esporádica.

Nas últimas 24 horas foram confirmados 277 novos casos de infeção com covid-19 na região de Lisboa, o número mais elevado desde 7 de maio, sendo o segundo dia consecutivo com mais de 200 novos diagnósticos. O boletim diário da DGS revela que no país foram confirmados 285 casos, com a região de Lisboa a representar assim a grande maioria dos casos, em linha com o que aconteceu nos dias anteriores. Os concelhos de Lisboa (mais 48 casos), Amadora (+39 casos), Loures (+31 casos) e Sintra (+22 casos) são os que registam mais novos diagnósticos. No Seixal, onde foi detetado um surto em Vale de Chícharos, conhecido como bairro da Jamaica, há mais 13 casos. Na análise da evolução por concelho destaca-se também um aumento de 22 casos em Vila Franca de Xira, acima do habitual nos últimos dias. 

No briefing diário desta quarta-feira, a diretora-geral da Saúde esclareceu que a situação de Lisboa e Vale do Tejo resulta de múltiplas variáveis, incluindo transmissão em contexto laboral, familiar e comunitária. Graça Freitas exemplificou com o surto na Azambuja, no entreposto da SONAE, mas em que os casos acabam por ser contados noutros concelhos, onde as pessoas residem, referindo ainda um novo surto detetado num lar em Pernes, Santarém. "É uma situação multivariada. Há pequenos surtos em bairros, surtos em fábrica, casos esporádicos disseminados na população", disse, considerando que se verifica em Lisboa o mesmo que aconteceu noutras regiões do país e adiantando que tem havido ações de sensibilização junto de algumas comunidades.

Em relação ao Seixal, onde houve críticas do executivo municipal à ausência de informação por parte das autoridades de saúde, Graça Freitas disse ter a indicação de que tem havido as intereções necessárias, defendendo a conjugação de todas as forças no terreno para fazer face à situação no concelho.

Questionados sobre as declarações do presidente da associação de desenvolvimento do bairro da Jamaica, Salimo Farã Mendes, que esta manhã afirmou na SIC Notícias que desde março pediu ajuda para ajudar a prevenir casos de infeção no bairro com medidas com o confinamento para evitar as entradas de pessoas exteriores ao bairro, havendo relatos de festas ao fim de semana, a diretora-geral da Saúde defendeu que não é por se tratar de um bairro social que se decide confinar um bairro. “A avaliação é feita igualmente para qualquer tipo da população”. Antes, António Lacerda Sales recusou também a ideia de testes generalizados em bairros sociais, devendo os testes acontecer apenas em função da sinalização de casos. “Este é um vírus democrático, atinge toda a gente, e essa é uma das razões pelos quais entendemos que só se justifica testagem em bairros sociais em função de uma investigação epidemiológica e estratificação de risco.”

A nível nacional, os casos confirmados aumentaram 0,9%, mas o crescimento na região de Lisboa e Vale do Tejo destaca-se do resto do país, tendo os casos confirmados aumentado 2,8% nas últimas 24 horas. Sendo o foco de atenção a região de Lisboa, e sublinhando a necessidade de cautela na análise, as autoridades consideram que nas duas primeiras etapas de desconfinamento os indicadores, incluindo o número de internamentos e óbitos, mantêm no geral uma tendência favorável. Uma nova avaliação técnica está marcada para esta quinta-feira no Infarmed.