Prejuízos, quebras e despedimentos

Lufthansa, Ryanair e Easyjet são algumas das companhias que já anunciaram despedimentos. Menos turismo este verão pode levar a quebras até 50% nos voos das várias transportadoras.

Meses de rodas no chão foram catastróficos para o setor da aviação. Mesmo com a reabertura das fronteiras, as companhias aéreas podem não conseguir recuperar. É que a reabertura das fronteiras não significa necessariamente que os voos voltem à normalidade. «Tendo em conta o que os especialistas estão a dizer e também olhando para os planos de viagem que foram divulgados [pelas companhias aéreas] para o próximo verão, esta temporada terá níveis muito abaixo da média do ano passado», disse à Lusa Patrick Ky, diretor executivo da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA, na sigla inglesa). Os números não são animadores: «Prevê-se uma redução de entre 40% a 50% do tráfego aéreo em julho e agosto, em comparação com o ano passado», estimou.

Sem passageiros e com vários aviões parados, muitas companhias avançam para os despedimentos como forma de poder poupar algum dinheiro e manter a empresa. O mais recente caso é o da Lufthansa que pensava em dispensar pelo menos 10 mil trabalhadores, mas agora o número mais do que duplicou, para 22 mil. Além disso, a companhia aérea alemã vai suprimir cerca de 100 aviões.

Os prejuízos da Lufthansa foram de tal modo avultados que obrigaram a um acordo com o Governo alemão para um resgate no valor de 9 mil milhões de euros. Em troca, o Estado alemão torna-se o maior acionista da empresa. Agora, a companhia aérea avança que o objetivo é reduzir ao máximo os despedimentos e avançar para alternativas como a diminuição da jornada laboral.

Mas as reduções são inevitáveis: «Sem uma redução significativa dos custos de pessoal durante a crise perderemos a oportunidade de sair da crise com um reinício melhor e arriscaremos que o grupo Lufthansa saia claramente debilitado da crise», disse o administrador da empresa, Michael Niggeman.

A companhia alemã está longe de ser a única afetada pela crise. A TAP aguarda agora uma intervenção do Estado português para conseguir sobreviver aos ‘estragos’ provocados pela pandemia (ver texto na página ao lado).

Com perdas estimadas em 100 milhões de euros entre abril e junho, a Ryanair já admitiu despedimentos, reduções de frota mas também redução de preços. «Anunciámos há algumas semanas que iríamos ter de reduzir cerca de três mil postos de trabalho em cerca de 15 a 16 mil funcionários e alguns deles provavelmente serão em Portugal, dependendo do número de aeronaves que lá tivermos», chegou a admitir Eddie Wilson. O presidente executivo da Ryanair explicou como se processam os despedimentos: «Por cada aeronave que é retirada, são cortados cerca de dez postos de trabalho de pilotos e aproximadamente 20 empregos na tripulação de cabine».

Já a Easyjet anunciou a redução de pelo menos 4500 postos de trabalho, quase um terço dos seus efetivos, na sequência da pandemia de covid-19. British Airways ou Virgin Atlantic foram outras grandes companhias que também já anunciaram cortes de pessoal devido à crise profunda no setor.