Pedro Nuno Santos diz que não há mais comboios para Linha de Sintra

Em cima da mesa está a hipótese de alterar horários, mas para isso é necessário coordenar com outros destinos.

Para o Governo, não há dúvidas: a CP não tem capacidade para aumentar o número de comboios em circulação na Área Metropolitana de Lisboa (AML). A garantia foi dada pelo ministro das Infraestruturas, que explica a razão: desde o início do desconfinamento, a 4 de maio, a CP tem 100% da oferta disponível.

“Não há mais comboios para acrescentar, estão todos a circular, e, depois, há limitações de capacidade da infraestrutura que só poderá ser alterada quando se fizerem investimentos de fundo, nomeadamente na Linha de Sintra”, revelou Pedro Nuno Santos, adiantando, no entanto, que está em estudo a possibilidade de alterações de horários.

Neste âmbito, a CP e a IP estão a estudar a possibilidade de, com alterações de horários, “reforçar marginalmente a capacidade” dos comboios na AML, trabalho de cujo resultado não se consegue ter ainda uma perceção. “Qualquer alteração de horários vai implicar alteração de horários em todo o país. Por isso, teremos de fazer esse trabalho, que durará alguns meses, mas não quero criar grandes expetativas, porque os ganhos, se forem possíveis – ainda não sabemos se são –, serão sempre marginais”, explicando que a intervenção prioritária é na Linha de Sintra, onde se regista maior procura nas horas de ponta.

Segundo o ministro das Infraestruturas, o estudo vai demorar “cerca de três meses”, prevendo-se que esteja concluído em setembro, “mas apenas para saber o que é possível fazer em termos de reforço da capacidade, com a alteração de horários”. Só depois poderão surgir decisões para que “os horários da Linha de Sintra sejam compatibilizados com os horários dos comboios que vão para o Algarve, dos comboios que vêm da Linha do Norte para a Linha de Cintura, com os comboios da Fertagus, com os comboios de transporte de mercadorias. Portanto, todos os horários acabarão por ser afetados”.

Questionado sobre a sensibilização dos passageiros para evitarem horas de maior procura, o ministro recusou essa ideia, defendendo que “as pessoas dependem do comboio para chegar ao local de trabalho” e “não há grandes alternativas” a esse meio de transporte. E, apesar de o autocarro não ser alternativa, em termos de capacidade de transporte e de rapidez, defende que “se os privados que gerem frotas de autocarros puderem aumentar a sua frota, isso, marginalmente, obviamente ajudará à mobilidade”, afirmou.

Já em relação ao ajuste de horários dos trabalhadores, inclusive nos serviços e nas empresas do Estado, para evitar a procura concentrada nas horas de ponta, o ministro reconheceu que ajudaria a espalhar a procura por mais horários nos transportes públicos, adiantando que “é todo um trabalho que, provavelmente, o país e os grandes centros urbanos e a sociedade portuguesa terão um dia de discutir”. E acrescentou: “Provavelmente, é uma das formas mais eficazes de conseguirmos diminuir a pressão sobre as horas de ponta”, sustentou o governante.

Na semana passada, dos 730 comboios que circularam na Linha de Sintra, dez aproximaram-se dos dois terços da lotação e houve um que ultrapassou essa lotação máxima, segundo dados da CP, que considera como horas de ponta os períodos entre as 06h e as 09h30 e entre as 16h30 e as 20h.