O nibelungo da perna de pau

O orgulho germânico de Georg Eÿser, o estropiado campeão olímpico, fazia-o competir de calças compridas.

Georg Ludwig Friedrich Julius Eÿser podia não ter uma perna mas era homem por inteiro. Quero dizer, ele nem sempre não teve uma perna. Começou por ser mesmo inteiro, perna e tudo. A perna limitou-se a ficar pelo caminho e ele seguiu a vida sem ela. Não há uma data precisa para estipular o momento em que a perna se perdeu. Parece que terá sido entre 1902 e 1903, quando Georg trabalhava como contabilista de uma empresa de construção em St. Louis, no Missouri.

Claro que também não deixa de ser curioso perceber como é que um tipo chamado Georg Ludwig Friedrich Julius Eÿser, com nome de kaiser prussiano, daqueles que trazem atrelados um bigode retorcido, com as pontas viradas para o céu como se estivessem presas a balões de hélio, andava a fazer em St. Louis, Missouri, no início do século passado, mas para isso já encontrei explicação. Georg Sophus Jasper Eÿser e Auguste Friederike Henriette Marxen, que o deram ao mundo em Kiel, no Schleswig-Holstein, Alemanha, no dia 31 de agosto de 1870, tinham dentro de si um sonho de Estados Unidos.

Foram atrás dele mal tiveram dinheiro suficiente para se encafuarem num vapor que saísse de Hamburgo e demandasse Nova Iorque. Georg, que tinha 14 anos no momento em que tal aconteceu, foi com eles e não foi preciso muito tempo para que lhe dessem a cidadania americana.

Os pais começaram por se instalar em Denver, Colorado, terra que deu nome a outro descendente de alemães, Henry John Deutschendorf Jr., conhecido apenas como John Denver e que escreveu uma canção que fez parte da minha adolescência de tosco tocador de viola, Leaving in a Jetplane, antes de morrer numa num avião de fibra de vidro na Baía de Monterrey, na Califórnia.

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