André Ventura rejeita “acordos que revoguem a identidade” do Chega ou que “se traduzam apenas em distribuição de lugares, presentes ou futuros”. Na moção estratégica “Mobilizar Portugal”, que levará ao congresso do Chega, previsto para 19 e 20 de setembro, Ventura responde a Rui Rio e garante que não será “a muleta de qualquer partido do arco do sistema com meros objetivos de cálculo político ou de estabilidade governativa”.
Ventura garante que a sua candidatura “pretende, assim, continuar sem cedências ou contemplações a luta contra o sistema político, económico e cultural instalado” e assume como uma das prioridades a defesa de “uma profundíssima revisão constitucional” nas áreas da justiça, da economia e do sistema político. “Serão uma das grandes prioridades deste meu novo mandato, se obtiver a confiança dos militantes. A luta e o sacrifício ao lado das nossas forças de segurança continuarão a ser a nossa imagem de marca”, acrescenta a moção do presidente e único candidato à liderança do Chega.
Direita inexistente A moção começa por fazer uma análise da situação política atual. Ventura considera que “o país encontra-se numa enorme encruzilhada: um Governo minoritário incapaz de lidar com uma gigantesca crise sanitária, económica e social que se abateu sobre Portugal e sobre a Europa; um Presidente da República completamente inativo e cúmplice do Governo; um Parlamento vergado aos interesses do centrão partidário ou da extrema-esquerda refém do Partido Socialista; um centro-direita e direita completamente inexistentes; e um CDS a desaparecer progressivamente”. Perante este cenário, o recandidato à liderança garante que “só o Chega pode ser o farol de que o país desesperadamente precisa”.
André Ventura garante também que é “o principal continuador em Portugal de homens como Sá Carneiro” e justifica a recandidatura ao partido que fundou com a necessidade de “mobilizar os portugueses” para “defender a economia, o emprego e a soberania nacional num momento em que os alicerces comuns parecem abalar”.
“Todos sabemos quem vai, mais uma vez, pagar a crise: a classe média, os empresários, os trabalhadores que descontam e pagam impostos pornográficos, as famílias que se afundam nos meandros da pobreza e do desespero. Foi sempre assim e continuará a ser, com governos socialistas ou social-democratas, aqueles que têm efetivamente destruído o país nos últimos 45 anos”, acrescenta.
André Ventura anunciou a demissão da liderança do Chega em abril. Nessa altura, o fundador do partido disse estar “farto e cansado” dos que “sistematicamente boicotam” a direção do partido.