Vitalidade financeira

por Pedro Ramos Fundador e CEO da Somar Capital Nova Iorque, agosto 2020   Queridas Filhas,   Não há nada que nos afete mais do que a nossa saúde. Doença, lesões e falta de água ou oxigénio são imediatamente notadas. E por boa razão. As consequências podem ser desastrosas se nada for feito. Há outro…

por Pedro Ramos
Fundador e CEO da Somar Capital

Nova Iorque, agosto 2020

 

Queridas Filhas,

 

Não há nada que nos afete mais do que a nossa saúde. Doença, lesões e falta de água ou oxigénio são imediatamente notadas. E por boa razão. As consequências podem ser desastrosas se nada for feito. Há outro tipo de saúde que é pouco falada, mas que tem também consequências graves para a vida e para os nossos sonhos: a saúde financeira.

Na antiguidade, quem não podia pagar as suas dividas era condenado a escravidão juntamente com a sua família. Atualmente as consequências da bancarrota incluem perda de casa e outros ativos, ansiedade, depressão, sonhos destroçados e redução de oportunidades que se podem agarrar.

Porque caem tantas pessoas nesta situação? Porque gastar menos do que se ganha pode não ser suficiente. A vida tem altos e baixos. Choques como perda de emprego, doença ou divorcio pode lançar pessoas com poucas poupanças em bancarrota.

Como fomentar a nossa vitalidade financeira? Pensem nas vossas finanças como uma piscina com uma torneira que a enche e um cano que vasa a água (vejam a figura).

A água que enche a piscina representa os vossos rendimentos: salário, juros, lucros, rendas e qualquer outra fonte de liquidez. A água que desaparece são as vossas despesas: compras que fazem, perdas de património (por exemplo danos na casa, carro ou perdas em investimentos), impostos e juros que têm de pagar.

A água que permanece na piscina é o vosso património. Este aumenta se os rendimentos durante um período são maiores que as despesas. Se pelo contrário as despesas são maiores que os rendimentos o património desce. Isto pode acontecer durante algum tempo, mas eventualmente o património desaparece. A água acaba. Entramos em bancarrota.

Para evitar isso temos de definir uma margem de segurança. Um nível mínimo do património abaixo do qual não queremos ir. Esse nível deve ser suficiente para enfrentar pelo menos um choque: perda de emprego, doença ou crise familiar.

De seguida temos de analisar formas de aumentar os nossos rendimentos. Melhorar o salário, aumentar os juros, lucros, rendas ou qualquer outra forma de rendimento. Vou falar em detalhe destes temas nas próximas cartas.

Por fim analisamos todas as nossas despesas. Esta área tende a estar quase totalmente sob o nosso controlo (salvo as crises da vida que falamos). Muita gente tem bons conselhos de como poupar dinheiro e como fazer um orçamento. Para mim, a forma mais eficaz é a descrita no livro O Homem mais rico da Babilonia de George Clason: paguem a vocês primeiro. Por exemplo, definam a regra de que 10% dos vossos rendimentos são automaticamente poupados. Como se fosse a renda de uma casa. Uma conta a pagar que não pode ser adiada. Assim os restantes 90% passam a ser o vosso rendimento disponível para pagar as despesas. Este método garante que, salvo uma crise, o vosso património cresce todos os meses. O tempo está a vosso favor.

Com a saúde financeira minhas filhas, vocês podem olhar para o futuro com esperança. Na certeza de ter recursos para fazer frente aos percalços da vida e para alimentar os vossos sonhos.