Marta Temido põe de parte segunda vaga e diz que país está a viver uma “terceira fase da pandemia”

Foram abordados vários assuntos como os surtos em escolas do país, o aumento diário do número de casos de covid-19 e ainda a questão dos acompanhantes de grávidas nas consultas e ecografias.

A conferência de imprensa das autoridades de saúde desta sexta-feira, sobre o balanço diário da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, contou com a presença da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, da ministra da Saúde, Marta Temido e com Raquel Guiomar do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Foram abordados vários assuntos, como o aumento diário do número de casos de covid-19 no país, os surtos nos lares de idosos e nas escolas.

Questionada sobre se o país está a enfrentar uma segunda vaga, Marta Temido assumiu que a análise da situação epidemiológica do país deve ser feita de forma diferente de outros países com realidades diferentes, como Espanha, e diz que Portugal está a viver uma "terceira fase da pandemia", no dia em que o número de novos casos é o quarto maior registo desde o início do surto no país. "Segunda fase da pandemia? Alguns países como Espanha enfrentaram uma primeira vaga, atingiram um nível perto da vaga e agora atingiram segunda fase. A situação portuguesa merece outro nível de análise. Estamos a enfrentar uma terceira fase no terreno: primeira em março/abril, segunda em junho e julho em Lisboa e Vale do Tejo e agora nova situação de aumento da incidência, que acompanha panorama da maioria dos países da Europa", explica a governante.  Há, neste momento, 287 surtos ativos no país. 124 no Norte, 31 no Centro, 93 em Lisboa e Vale do Tejo, 17 no Alentejo e 22 no Algarve. 

Marta Temido abordou ainda a questão dos surtos em lares de idosos no país e afirma que esta é uma situação "muito complexa" e a "principal preocupação" do Governo. "Há 76 casos ativos em estruturas residenciais para idosos em 47 surtos ativos nestas estruturas. A ministra da saúde afirma ainda que o sucesso de cada um destes casos depende de "intervenções múltiplas e das entidades que têm estas estruturas" e destaca ainda a evolução positiva dos surtos de covid nestes estabelecimentos: "Tivémos algures em abril passado 365 estruturas com casos ativos, hoje temos este número de 76".

A ministra da Saúde falou ainda sobre a possível utilização de semáforos' para concelhos e/ou freguesias alertando para o risco de contágio do novo coronavírus, no período outono/inverno, que alguns países europeus já estão a utilizar, e diz que Portugal ainda não tomou uma decisão relativamente a esta questão. "O que estamos a fazer é trabalhar no plano da Saúde para o outono/inverno que tem diversos enquadramentos, mas que não tem esse enquadramento específico", afirmou.  "As cores, como em tudo na vida, têm algumas limitações", defendeu, acrescentando que "temos que perceber que é uma alternativa utilizar um sistema que seja mais percetível sob o ponto de vista visual, mas que temos de robustecer essa classificação por outros critérios", acrescentou ainda a responsável. 

Questionada sobre a pandemia nas escolas, Graça Freitas, explicou que existir um teste positivo entre os alunos não é sinónimo de um surto mas pode levar a que alguns contactos vão para casa. A diretora-geral da Saúde afirma ainda que a decisão de encerrar algumas salas é uma determinação não da Saúde mas do Ministério da Educação "devido à infeção dos profissionais ou da infeção de contactos próximos. A diretora-geral da Saúde afirma ainda que o início do ano letivo está a ser "bastante pacífico" do ponto de vista do número de casos e até do número de surtos. "Há muito poucos casos relatados e quando existem surtos em escolas têm sido de pequena dimensão", considerou a diretora-geral. 

Os jornalistas presentes questionaram Graça Freitas sobre o critério para a testagem e a diretora-geral da Saúde explicou que os contactos de pessoas que testam positivo à covid-19 são divididos entre contactos de alto e de baixo risco, que, normalmente, "ainda estão assintomáticos". Segundo a diretora-geral da Saúde, os contactos de alto risco assintomáticos devem fazer teste "especialmente em contexto de surto" e esclarece que não é um teste positivo que determina o isolamento profilático, mas sim o facto de ser identificado com contacto de alto risco. 

Graça Freitas esclareceu ainda a questão dos acompanhantes de grávidas nas consultas e ecografias e diz que as autoridades de saúde permitem  "independentemente de ser o progenitor ou de outra pessoa da confiança" que as mulheres tenham acompanhamento e afirma que apesar de estar ser "uma questão de humanismo" a decisão final fica ao critério de cada equipa clínica. A diretora-geral da Saúde apela ainda aos serviços que "tentem cumprir com esta regra". 

Sobre a diminuição do período de quarentena, uma realidade que está a ocorrer noutros países, a diretora-geral da Saúde afirma que 14 dias "é o período de incubação" e que são nesses 14 dias que um contacto próximo que tenha sido infetado pode transmitir o vírus. "Se uma pessoa sair de quarentena ao 10.º dia ou ao 11.º, terá de continuar a ter restrições e abster-se de uma série de coisas", afirma Graça Freitas, que admite que "pessoas que não trabalham, que não vão à escola deverão fazer 14 dias de quarentena, outras podem ter quarentena mais encurtada".