“Este Governo vai ficar ligado à falência do futebol e do desporto”, diz Pinto da Costa

“As touradas estão cheias. As pessoas nem deixam o espaço de dois lugares. Vi há uns tempos um congresso [do Chega], vi imagens de uma reunião do PS em que a sala estava cheia, a maioria das pessoas estava sem máscara. Embirraram com o futebol, foi isso”, acusa.

O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, acusou, esta segunda-feira, em entrevista ao Porto Canal, o Governo de “falta de sensibilidade” e disse mesmo que o Executivo de António Costa “vai ficar ligado à falência do futebol e do desporto", depois de criticar o facto de os estádios continuarem sem público.

 “Não sei se falo sozinho ou não. Quando estou com as pessoas todas me dizem que tenho razão, que tenho que fazer alguma coisa. Mas depreendo que pode acontecer porque muitos me dizem. Acho inadmissível o que está a acontecer e há falta de sensibilidade da parte de quem manda no Desporto e de quem está na DGS e não sabe o que é o desporto, daí ser ridículo aceitar que os camarotes têm que estar vazios. Nem que fosse uma pessoa em cada camarote de 100 lugares”, começou por dizer na entrevista que ocorreu por ocasião do 127.º aniversário dos ‘dragões’.

“As touradas estão cheias. As pessoas nem deixam o espaço de dois lugares. Vi há uns tempos um congresso [do Chega], vi imagens de uma reunião do PS em que a sala estava cheia, a maioria das pessoas estava sem máscara. Embirraram com o futebol, foi isso. Em tempo gabaram-se do milagre que havia em Portugal e agora o milagre desapareceu. E a culpa é do futebol? Se desapareceu não é por culpa do futebol. Se calhar é pelas touradas, pelos congressos, pelos cinemas abertos, pelos humoristas a fazerem espetáculos. E o futebol é que paga? Isto é inadmissível. Não há aqui uma incongruência, há incompetência. O Secretário de Estado do Desporto vem dizer que o problema vai ser resolvido mas depois vem uma senhora [Graça Freitas] que diz o contrário. Só em Portugal é que não há público nos estádios. Até nos Açores já há adeptos e não se vê aumentar o número de casos de infetados. Abriram restaurantes, cinemas, touradas e espetáculos, o futebol é que não”, exemplificou.

“Os clubes continuam a pagar os impostos mas não têm receitas. Sem bilheteira e sem os lugares anuais, temos um prejuízo de 27 milhões. Se não pagarmos vêm logo as multas e as ameaças. Este Governo vai ficar ligado à falência do futebol e do desporto”, considerou Pinto da Costa.

O líder do FC Porto acabou ainda por comentar a polémica em torno do apoio do primeiro-ministro, António Costa, à recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica.

 “Se calhar acha que ainda são poucas [as dívidas]. Não sei qual é o limite. Estão sempre a meter milhões no banco e se calhar acham que o que ele deve à banca não tem significado. Esse apoio não me surpreendeu, sabia que sempre apoiou Vieira. Admira-me é como é que não estavam lá mais alguns. Se calhar no Banco de Portugal não é permitido, se não estavam lá outras pessoas… Em relação à falta de público nos estádios, o Benfica fez bem em não atacar o Governo porque eles lá devem saber o porquê de não atacarem”, disse.

Na mesma entrevista, Pinto da Costa acabou ainda por deixar uma farpa a Rui Rio, depois de comentar a relação do clube com a autarquia do Porto. O presidente do FC Porto diz ter uma relação “normal” com a Câmara.  “Já tivemos uma anormal, com o qual não tivemos qualquer relação. Qualquer câmara e clube presididos por gente normal têm relações normais”, disse.