Recorde de casos. Ministra da Saúde diz que há capacidade no SNS mas admite requisição do privado se vier a ser necessário

Nas últimas 24 horas foi superado o patamar de 3000 novos casos diários de covid-19. 

Recorde de casos. Ministra da Saúde diz que há capacidade no SNS mas admite requisição do privado se vier a ser necessário

No briefing do conselho de ministros, Marta Temido confirmou aumento de casos, sem adiantar os dados entretanto divulgados pela DGS que mostram 3270 casos confirmados nas últimas 24 horas. Número de internamentos superou o máximo de abril.

Nas últimas 24 horas foi superado o patamar de 3000 novos casos diários de covid-19. No briefing do conselho de ministros, que aprovou restrições à circulação entre concelhos no fim de semana do feriado do Dia de Todos os Santos e novas medidas para os concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, e que teve lugar antes da divulgação do boletim diário da DGS, Marta Temido confirmou que esta quinta-feira havia um aumento de novos casos, em linha com as previsões feitas pelos especialistas, salientando também que é esperado que os casos continuem a aumentar. “Como sabem e temos dito nas nossas conferências de imprensa, prevê-se que o número de casos ao longo dos próximos dias. Porque a tomada de medidas precede o aumento de casos e porque temos uma situação complexa em algumas zonas do país que pode ser minimizada pela adoção de medidas por todos mas depende em última medida da adoção de medidas por cada um”, disse Marta Temido, sem adiantar o total de casos entretanto conhecido.

Questionada sobre a capacidade do SNS e se há necessidade de recorrer ao privado, a ministra da Saúde sublinhou que os hospitais públicos têm uma lotação de 18017 camas e atualmente estão 1165 ocupadas com doentes com covid-19, 489 no Norte e 491 na região de Lisboa e Vale do Tejo. O boletim da DGS divulgada entretanto adianta no entanto que são agora 1365 doentes internados em enfermaria, o que superou a ocupação máxima registada em 16 de abril (1302 doentes). Já nos cuidados intensivos há na totalidade dos hospitais 798 camas, para doentes com covid-19 e outras patologias, com capacidade de expansão, sublinhou a ministra da Saúde. Nas últimas 24 horas o número de doentes com covid-19 em UCI passou para 200, mais 13 que no dia anterior, adiantou ainda Marta Temido.

A ministra da Saúde sublinhou que, em caso de necessidade, o SNS recorrerá a outros setores, admitindo que poderá ser usada a figura de requisição, uma hipótese que já tinha sido admitida em setembro. Na primeira vaga da epidemia, esse cenário não se colocou. Neste momento, a ministra da Saúde salientou que estão disponíveis na Administração Central do Sistema de Saúde os articulados contratuais para que os hospitais possam contratar camas ao setor social e privado se tal for necessário e que estão também a ser ativadas estruturas militares e unidades de campanha.

Governo afasta críticas: “O Governo português está bem ciente da gravidade e há muito tempo que se vem preparando para um recrudescimento de casos”

Questionada sobre críticas a falta de preparação para o inverno, a ministra de Estado e da Presidência indicou que medidas adotadas por outros países como encerramento de espaços noturnos estiveram sempre em vigor em Portugal, reforçando o apelo para que cada pessoa limite os contactos sociais, mantenha a distância e escolher, das suas atividades, “as que são essenciais e aquelas de que se pode prescindir”. 

A ministra Marta Temido apresentou os dados sobre a evolução de casos diários noutros países europeus. “França teve 21 468 novos casos, é evidente que tem uma população distinta. Falando de países mais comparáveis, Holanda teve 8149 novos casos ou República Checa, 11904. Este número de novos casos não desvaloriza a gravidade e especial gravidade da nossa situação epidémica. Até uma vacina ou tratamento estar disponível, ninguém está a salvo e tem de tomar as medidas indicadas para proteger a si e aos outros”, disse. “O Governo português está bem ciente da gravidade e há muito tempo que se vem preparando para um recrudescimento de casos”, considerando que houve um reforço da capacidade de resposta. Marta Temido deu o exemplo do SNS24, que atendia até 10 mil chamadas no início da epidemia e hoje “atende bem mais de 20 mil utentes por dia sem dificuldades”. Já o número de testes passou de 10 mil no final de março para 33 mil no dia de ontem. Até ao final do ano ficarão disponíveis mais 123 camas de cuidados intensivos, adiantou a governante, dando o exemplo de uma obra iniciada este fim de semana no Hospital Amadora-Sintra. “O país tem-se preparado, o Governo e o Ministério da Saúde tem feito o seu papel, precisamos todos de nos ajudar”.

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