Covid. Pandemia arrasa turismo: fecha hotéis e despede na aviação

Rede espanhola Casual Hoteles, com unidades em Lisboa e Porto, já anunciou encerramentos até 2022. Ryanair também está a despedir.

Os efeitos da pandemia são cada vez mais visíveis no setor do turismo. Se as perspetivas são pouco animadoras – o setor prevê uma quebra de 70% a 80% na taxa de ocupação e uma quebra semelhante no que diz respeito às receitas, segundo os números avançados pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) –, a rede espanhola Casual Hoteles já anunciou que vai fechar todos os hotéis até março de 2022.

Este grupo com unidades em Florença, Porto, Bilbau, Madrid, Málaga, San Sebastián, Sevilha, Valência, Cádis e Lisboa justifica a decisão com as incertezas que se geraram no setor do turismo devido à crise pandémica.

Recorde-se que a Casual Hoteles abriu os seus dois primeiros hotéis no mercado nacional no ano passado. Trata-se do Casual Belle Époque Lisboa e do Casual Inca Porto, e tinha ainda planos para a abertura de outros dois hotéis na Invicta em 2020.

Segundo a imprensa espanhola, estes encerramentos poderão não ficar por aqui. Mas nos outros casos – Axel Hotel, Panoram Hotel e Catalonia Hotels –, a empresa poderá optar por medidas menos drásticas.

É de referir que a associação liderada por Raul Martins traçou mais do que um cenário para o setor. No melhor, as receitas da hotelaria cairão 70% em relação aos 4,48 mil milhões de euros registados no ano passado, o que representa uma perda de 3,2 mil milhões de euros. Já no pior, a perda será de 80%, ou seja, menos 3,6 mil milhões de euros.

Em relação à taxa de ocupação, no melhor cenário, ela cai 60%, o que já está praticamente afastado pelos responsáveis do setor. No cenário considerado mais provável, a taxa de ocupação cai 70%, com uma perda de 40,6 milhões de dormidas. No pior, a ocupação cai 80%, com menos 46,4 milhões de dormidas.

 

Aviação também não escapa

Ainda esta sexta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos  (SITAVA) denunciou que a Ryanair e a sua participada para as operações de handling, a Groundlink, estão a iniciar um processo de despedimento coletivo dos seus trabalhadores que, segundo a estrutura sindical, está a ser feito “de forma ilegal”.

Considerando-a uma “comunicação fria, desumana e ilegal”, os responsáveis do SITAVA admitem, no entanto, que esta atitude do grupo liderado por Michael O’Leary não é “nada que nos surpreenda”, acusando a empresa de ser “uma parasita da aviação e da economia nacional, useira e vezeira de abusos e ilegalidades, perante a habitual cumplicidade das autoridades”.

Este anúncio de despedimento surge depois de a companhia aérea ter anunciado uma redução para 40% na capacidade de voos neste inverno em vários países, entre os quais Portugal, devido ao impacto da covid-19. A empresa irlandesa disse ainda que as bases em Cork e Shannon, na Irlanda, e em Toulouse, França, vão fechar para a temporada, de novembro a março, e adiantou que vai reduzir significativamente o número de aeronaves em bases na Bélgica, Alemanha, Espanha, Portugal e Viena (Áustria).