ONU disponível para ajudar Moçambique

António Guterres afirma que a organização está ‘sempre pronta a ajudar’. Nota, no entanto, que a iniciativa do pedido deve partir do governo moçambicano.

A ONU mostrou-se disponível para ajudar Moçambique a investigar os massacres que têm assombrado o norte do país, perpetrados por elementos ligados a grupos jihadistas.

O secretário-geral António Guterres, em nota, afirma que «condena veementemente esta brutalidade atroz». E acrescenta que a organização está «sempre pronta a ajudar, se for solicitado». Contudo, acrescenta que cabe a Maputo a iniciativa de investigação e pedido de ajuda e que estes tem a «responsabilidade de proteger os seus cidadãos».

«É responsabilidade das autoridades nacionais investigar o incidente. Elas têm as principais responsabilidades, tal como a responsabilidade de proteger os seus cidadãos, como qualquer Estado-membro», disse o porta-voz de António Guterres, Stéphane Dujarric, durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque.

 

Decapitações em Cabo Delgado

Do norte de Moçambique chegaram relatos aterradores de mais um violento e cruel ataque por parte de um grupo de radicais islâmicos, que utilizaram um campo de futebol para decapitar e desmembrar mais de 50 pessoas, ao longo de três dias.

Este ataque ocorreu na vila de Muatide, entre sexta-feira e domingo. Grupos de militantes capturavam os aldeãos que tentavam fugir ao ataque e executavam-nos.

A notícia foi avançada por um correspondente da BBC, que reportou ainda ataques na aldeia de Nanjaba, na sexta-feira à noite, onde homens armados gritavam ‘Allahu Akbar’ (‘Alá é grande’) enquanto disparavam e incendiavam casas.

Duas pessoas foram decapitadas durante este ataque e várias mulheres foram sequestradas.

Os ataques, da responsabilidade de grupos ligados ao Estado Islâmico, ocorreram nos distritos de Miudumbe e Macomia. Segundo uma fonte policial citada pela Al Jazeera, as autoridades souberam do massacre «através de relatos de pessoas que encontraram cadáveres nos bosques».

A violência no norte de Moçambique tem aterrorizado a população local. Em abril do presente ano, mais de 50 pessoas foram alvejadas e decapitadas numa vila em Cabo Delgado após terem recusado juntar-se ao intitulado Estado Islâmico.

Este grupo, que tem vindo a adquirir cada vez mais influência no sul do continente africano, aproveita a pobreza e o desemprego local para recrutar jovens de forma a estabelecer um ‘califado’ islâmico nesta zona.

Desde 2017, cerca de duas mil pessoas foram mortas e quase 430 mil ficaram desalojadas em Cabo Delgado, uma província maioritariamente muçulmana.