Football Leaks. Retomada inquirição a defesa de Nélio Lucas

Coletivo de juízes indeferiu requerimentos apresentados para travar inquirição da defesa de Rui Pinto a Nélio Lucas.

Na 26.ª sessão do julgamento do Football Leaks – considerada a maior denúncia na história do desporto por revelar transações obscuras no mundo do futebol profissional europeu -, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, foi retomada a inquirição – apesar do pedido de indeferimento apresentado pela defesa da Doyen Sports Investment – da defesa de Rui Pinto a Nélio Lucas. Este último foi ex-administrador do grupo privado suprarreferido, que desenvolve atividade em áreas como as do entretenimento e do desporto.

Crimes
Em causa estão 90 crimes, entre eles, 68 crimes de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, um de sabotagem informática à SAD do Sporting e outro de extorsão, na forma tentada. Este último diz respeito à Doyen que, na pessoa da advogada Sofia Ribeiro Branco, salientou a “irregularidade” da decisão do coletivo, tendo a juíza decidido manter o despacho não dado razão aos representantes da empresa.

Indeferimento
O coletivo de juízes do processo indeferiu os requerimentos apresentados pelos advogados da Doyen Sports Investment para travar a inquirição da defesa de Rui Pinto, explicando que está em causa o “escrutínio” dos ofendidos. De acordo com a TVI, deu-se uma paragem de meia hora nos trabalhos e a presidente do coletivo Margarida Alves regressou com a leitura do despacho, considerando que “entende o tribunal que as perguntas que visam esclarecer a forma como o grupo se encontrava organizado se afigura relevante para descobrir a verdade material”, sendo que “não assiste razão à assistente” do processo e que não se registava “nenhuma nulidade ou irregularidade’” das questões, apelando à garantia do “princípio do contraditório”.

A Vela
Teixeira da Mota questionou Nélio Lucas acerca da empresa maltesa Vela Management, pretendendo saber quem era o sócio do arguido que está a ser investigado por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Segundo contratos revelados pelo jornal Record, em março de 2016, o FC Porto recebeu, por parte do Real Madrid, 7,5 milhões de euros pelo regresso do médio Casemiro ao clube espanhol. Desse montante, distribuiu cerca de 1,26 milhões em comissões à Doyen. Esta, posteriormente, entregou 700 mil euros à Energy Soccer, liderada por Alexandre Pinto da Costa, agente de jogadores e filho do presidente do clube. Na sessão desta terça-feira, o advogado de Rui Pinto realçou que “A Vela é uma sociedade que é importante compreender porque entra em negócios que foram denunciados pelo Football Leaks”.