(Re)store. A casa e galeria que também é restaurante

O conceito surgiu pelas mãos de Pedro Silva que vive no imóvel, mas ao mesmo tempo, oferece jantares intimistas. O menu é resultado da escolha do chef Theo Bruno. E enquanto saboreia as iguarias pode usufruir do mobiliário e peças de assinatura exclusivas que poderá vir a adquirir. A aposta deste espaço é simples: ambiente…

Começou por ser uma galeria, mais tarde o espaço foi adaptado para se transformar num restaurante/bar, até que foi alvo de novas obras de remodelação para cumprir a missão tradicional: habitação própria. Neste momento a (Re)store funciona como a casa de Pedro Silva ­– o empresário que está há mais de 20 anos à frente do bar Capela, no Bairro Alto – mas, ao mesmo tempo, organiza refeições. Curiosidade: neste ‘restaurante’ não só tem acesso à parte privada do empreendedor como pode comprar alguns dos imóveis e elementos decorativos que estão presentes no local, localizado perto do Liceu Camões, em Lisboa.

Ao b,i., Pedro Silva conta como tudo começou: «Estava a fazer muitos trabalhos de design de interiores e precisava de uma galeria e loja onde pudesse expor as minhas peças. Encontrei este espaço e fiz todo o seu restauro. Daí o nome (Re)store, que é uma loja/restaurante». Mas nem sempre foi assim. A compra do imóvel foi feita há 10 anos e a ideia passou por decorá-lo como se fosse uma casa normal, mas onde pudesse vender as suas peças. Cerca de seis anos mais tarde, decidiu abrir o espaço como restaurante/bar mas acabou por abandonar a ideia e optou simplesmente por habitar a casa. «Nessa altura, fiz novamente um reforço de alterações para poder habitar, mas nesses quatro anos fez-se sempre um pouco de tudo aqui: um super club de jantares privados com chefes e corria muito bem, até que dei o passo seguinte e ganhou de forma permanente este conceito de restaurante».

A fórmula é simples: oferece jantares privados e intimistas, sempre assente num ambiente muito próprio e descontraído, pela mão do chef Theo Bruno – que foi responsável pelo 100 Maneiras durante oito anos – e serve de galeria para mostrar as peças que faz. O empresário admite que a pandemia poderá ajudar o seu negócio. «As pessoas querem estar cada vez mais em sítios onde se sentem mais protegidas, quando há aqui jantares ninguém fala da covid-19». Além disso, o espaço tem uma ocupação limitada. «A capacidade máxima anda à volta das 20 pessoas, distribuídas pelas várias salas. Não dá, nem quero juntar grupos. As pessoas querem estar mais separadas, o que é possível tendo em conta que esta casa tem 150 metros quadrados. Só na sala principal é possível estarem 16 pessoas com distância de segurança. Mas não aceito reservas para menos de 10 pessoas» No entanto, confessa que as últimas restrições que têm sido impostas em termos de circulação estão a ter impacto na sua atividade. «No fim de semana em que foram proibidas as circulações entre concelhos vi um jantar a ser desmarcado porque o grupo vinha de Cascais e não podiam vir».

Quanto ao menu a escolha é do chef residente que pode convidar outros. Mas há sempre cuidados a ter. «Pergunto sempre se há restrições e se estão de acordo com o menu. Mas a ideia é chegarem aqui e serem surpreendidas com as escolhas. Tenho o chef que gosto de trabalhar. É uma pessoa com uma grande bagagem e sabe o que está a fazer. É claro que pergunto sempre se há alguém que seja vegetariano ou que tenha algumas restrições alimentares, mas a escolha final é sempre do chef. Acho muito mais interessante porque as pessoas têm sempre assim uma surpresa em relação ao que vai acontecer», salienta.

Pedro Silva garante que é fácil conciliar os dois espaços: habitação e restaurante. «A casa está preparada para isso. É giro porque as pessoas sentem que estão em casa de alguém. Não é uma casa que foi adaptada para fazer um restaurante, eu vivo aqui com as minhas filhas. E as pessoas podem ir para a cozinha e podem conversar com o chef. Não há uma separação dos espaços como nos restaurantes tradicionais», explica. E como a entrada da casa é independente do prédio também facilita o acesso ao (Re)store, apesar de garantir que o «convívio com os vizinhos sempre foi tranquilo e nunca teve queixas».

Casa com história

O empresário lembra que quando comprou a casa estava num estado degradado, sem água, nem luz. Uma situação que não é surpreendente já que não estava habitada desde 1974. «Viveu aqui o empresário da Amália e uma atriz do teatro São Carlos muito famosa», a partir daí ficou abandonada. «É um apartamento do final da era romântica e apesar de ser um R/C não se sente como tal. As pessoas quando entram pela porta ficam malucas: tem 4,20 metros de altura».

Pedro Silva diz, no entanto, que sempre teve a preocupação de não mudar a tipologia da casa. «Fiz obras intensas que demoraram muito tempo para deixar tudo tal como está. Não foi simples».

Mas apesar de ter aberto a (Re)store, a ideia passou sempre por manter o bar Capela em funcionamento, que está atualmente fechado devido às restrições impostas pelo Governo. «Cheguei a ter os dois espaços a funcionar ao mesmo tempo, mas obviamente quando a (Re)store estava a funcionar tinha de estar aqui».

Para trás ficou um curso de gestão da Universidade Católica, que ainda chegou a exercer «Tive uns trabalhos mais sérios, mas metia-me sempre na parte criativa porque era a pessoa das ideias até que percebi que preferia ter ideias para mim. Abri uma loja de roupa, depois outra loja de roupa no Bairro Alto e só depois é que abri o bar. Também já tive um restaurante. Não consigo estar quieto, estou sempre a fazer coisas», conclui.