Morte de 540 animais em quinta na Azambuja vai ser investigada

Instituto da Conservação da Natureza informou que vai abrir um processo para investigar montaria na Quinta de Torre Bela

Morreram 540 animais numa montaria na Quinta de Torre Bela, na Azambuja, avançou o jornal regional Fundamental, no domingo. Agora, o Instituto da Conservação da Natureza informou que vai abrir um processo para investigar o sucedido.

De acordo com a mesma fonte, estiveram envolvidos na caça 16 caçadores, que mataram na sua maioria veados e javalis. “Conseguimos de novo! 540 animais com 16 caçadores em Portugal, um recorde numa super montaria”, congratularam os autores nas redes sociais.

Entretanto o Instituto da Conservação da Natureza (ICFN) comunicou numa nota enviada esta segunda-feira à comunicação social que “não teve conhecimento prévio desta ação”, que teve lugar numa zona de caça concessionada como Zona de Caça Turística (ZTC) de Torre Bela à Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação, SAG, Lda. "Considerando o número de animais abatidos”, o ICFN vai averiguar “os factos ocorridos e eventuais ilícitos” junto da entidade gestora da ZCT.

"O Plano de Ordenamento e Exploração dessa ZTC prevê a exploração do veado e do javali, pelos métodos previstos na lei, onde se incluem as montarias", explica o ICFN.

Também a Câmara da Azambuja já reagiu a esta situação em comunicado e, tal como ICNF, afirma não ter recebido “qualquer informação oficial relativamente à montaria ocorrida na Quinta da Torre Bela”, a não ser pelas redes sociais. A autarquia refere ainda que para ali se caçar a autorização deve ser dada pelo ICNF e não pela Câmara.

“O Município de Azambuja já avançou com uma comunicação para o ICNF e para o Ministério da Agricultura a solicitar toda a informação sobre o ocorrido, para que estas entidades verifiquem a legalidade desta ação, assim como, a quantidade de animais abatidos e qual o destino dos mesmos”, diz a nota

O PAN falou desta montaria nas redes sociais, apontando que “matar por regozijo e desporto é desumano”. “O PAN pretende saber o que levou à autorização desta montaria, numa zona de grande sensibilidade ecológica, envolta em polémica, onde inclusivamente está prevista a instalação de uma central fotovoltaica com 775 hectares e cujo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) encontra-se em fase de consulta pública até 20 de janeiro de 2021”, escreveu o partido.

Também o PS da Azambuja se manifestou contra o sucedido, dizendo que “tem de haver regras e não pode valer tudo. “Não foi caçar, foi massacrar aqueles animais que não tinham para onde fugir, pois o abate da floresta tem sido permanente e os animais estavam confinados aos muros da propriedade”, escreveram os socialistas no Facebook.