Depois das festas aumenta a pressão nos hospitais

Só em dois dias houve uma subida de 313 doentes com covid-19 internados no SNS. Aumentam infeções respiratórias nas urgências.

O número de doentes com covid-19 internados nos hospitais disparou nos últimos dias, numa das maiores subidas de que há registo desde o início da epidemia. Em dois dias, houve uma subida de 313 doentes internados com covid-19, chegando de novo aos 3171 depois de mais de uma semana abaixo dos 3000. Começa a ser visível o impacto das festas, numa altura em que por toda a Europa se receia uma terceira vaga e Portugal estava ainda a tentar esmagar a segunda, com cerca de 500 doentes internados em UCI. Um patamar que nos últimos dias levou alguns especialistas a mostrar apreensão com o que trará janeiro, receios agora mais palpáveis nos hospitais. No São João voltou a haver mais de 100 casos suspeitos na urgência, o que já não acontecia desde novembro, com uma taxa de positividade na casa dos 30%, indicou ontem Nelson Pereira, diretor da unidade de gestão da Urgência e Medicina Intensiva do Hospital. Foi o nível de positividade a que se chegou no pico da segunda onda. Ao i, a Administração Regional de Saúde do Norte indicou que este domingo estavam internados nos hospitais da região 864 doentes, isto depois de se ter atingindo um mínimo de 756 doentes internados nesta segunda vaga no último dia do ano. Em três dias houve assim um aumento de quase 100 doentes internados nos hospitais do Norte, quando até aqui a tendência era de abrandamento. Também em Lisboa o aumento de doentes está a fazer soar os alertas. Uma situação “muito dinâmica”, descreveu ao i fonte hospitalar, que chega numa altura em que na região de Lisboa não se notava ainda um abrandamento significativo dos doentes internados, ao contrário do que acontecia no grande Porto. A situação é no entanto de pressão a nível nacional, agora também no Alentejo, que tem visto aumentar a incidência de casos. Depois de o Hospital de Évora ter deixado de ter capacidade para receber mais doentes com covid-19, os doentes estão a ser encaminhados para o Hospital de Beja.

A plataforma de monitorização do plano de contingência de inverno mostra no último fim de semana um aumento dos casos de infeção respiratória nas urgências, ainda abaixo do que acontecia noutros invernos, mas acima do que vinha acontecendo até aqui. O peso das infeções respiratórias subiu para 7% das idas às urgências no país.

Especialistas ouvidos pelo SOL admitiram na semana passada ser expectável um aumento de casos de covid-19 e doença respiratória em janeiro, sendo a incógnita perceber a dimensão desta nova vaga. A nova variante do SARS-CoV-2 identificada em Reino Unido e já detetada em Portugal, mais transmissível, é mais um fator de preocupação. O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças já recomendou aos países que investiguem casos suspeitos com ligação ao Reino Unido ou zonas afetadas mas também qualquer aumento repentino de casos. Portugal tinha até este domingo identificado 34 casos desta nova variante.

 

Mais de 5 mil idosos infetados

Dezembro terminou com menos casos diagnosticados do que o mês de novembro, mas também com menos testes feitos, num mês marcado por vários feriados em que há menos laboratórios a funcionar com nos dias úteis. Os dados da última semana mostram no entanto um novo aumento de casos e mais de 5 mil diagnósticos em idosos com 70 ou mais anos, o grupo de maior risco. Ao todo, representaram cerca de 15% dos novos casos diagnosticados no país.