Em 40 anos só tinha havido dois dias com mais de 600 mortes

Esta semana são já dois dias. Só tinha acontecido em 1981.

A mortalidade registada esta semana no país está a superar os registos máximos das últimas décadas. A plataforma nacional de vigilância de mortalidade do Ministério da Saúde, onde são registados em tempo real os certificados de óbitos no país, mostrava que esta quarta-feira voltaram a ser superadas as 500 mortes no país, agora nove dias seguidos, o que não há registo de alguma vez ter acontecido.

Os dados vão sendo consolidados ao longo da semana, à medida que são registados certificados de óbito que não dão entrada no sistema no próprio dia. E se a última segunda já era o dia mais negro das últimas décadas, ontem, o número de óbitos a 11 de janeiro foi atualizado de 630 mortes, o registo na véspera, para 649. Já na terça-feira morreram em Portugal pelo menos 635 pessoas, com dois dias desta semana a superar já as 600 mortes por todas as causas.

Dados disponibilizados ao i pelo Instituto Nacional de Estatística mostram que em 40 anos, desde 1980, tinha havido apenas nove dias com mais de 500 mortes no país, registos que este janeiro superou no espaço de semana e meia. Tinha havido apenas dois dias com mais de 600 mortes, 14 e 15 de junho de 1981. Esse verão ficou marcado por uma vaga de calor com uma mortalidade muito acima do normal e que não tornou a repetir-se. Morreram entre 12 e 20 de junho daquele ano mais de 1900 pessoas do que o esperado.

Agora, com uma atividade pandémica sem precedentes e uma vaga de frio intensa, o país regista já mais de duas mil mortes acima do esperado desde o início do ano. Até aqui, o inverno com maior excesso de mortalidade foi o de 98/99 (8 mil mortes acima do esperado). Em janeiro de 1999 houve quatro dias com mais de 500 mortes no país, nenhum consecutivo, como acontece desde 5 de janeiro.