Educação! Isto é que precisamos!

A fragmentação da sociedade em associações vinca, naturalmente, mais as diferenças entre as origens e os sexos e as opiniões. No entanto, o que precisamos não é apenas que se respeite a singularidade de cada um – raça, sexo, opinião e outras – mas se possa curar a relação entre as diferentes singularidades.

A polémica sobre as palavras de um senhor que é senegalês de origem – nacionalizado português – presidente de uma associação que luta contra o racismo é escandalosa, por muitas razões.
As suas palavras mostram o que será o futuro da sociedade portuguesa nos próximos anos!

Em primeiro lugar, não vou entrar dentro do conteúdo das declarações sobre Marcelino da Mata que nem o seu corpo tinha arrefecido e já estava a ser insultado. As declarações, daquele que luta contra o racismo em Portugal e que teve e tem altas responsabilidades nas estruturas governativas do nosso país, são, para além de ofensivas, cheias de ódio.
Depois, nem quero voltar a repetir as palavras que o próprio replicou no Twitter contra o eurodeputado Nuno Melo que, também elas, estão com uma linguagem que, no mínimo, na minha casa seriam motivo de repreensão por parte dos meus pais. São ofensivas e cheias de ódio.

Este é um fenómeno que se vai repetir com o aumento do número de associações contra tudo e mais alguma coisa. Hoje há associações, a maioria pagas com dinheiro dos contribuintes, que servem para proteger pessoas, animais, natureza, mas também opiniões e opções individuais. Como é evidente, eu vivo numa sociedade multicultural e sou pároco de uma paróquia muitíssimo multicultural, multiétnica, multirreligiosa e multirracial (penso que já não há raças na classificação das pessoas, mas continuamos a falar em racismo, logo devemos poder falar em multirracialidade) – a Mouraria. 

É também evidente que subscrevo todos os direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem (e da Mulher também) e defendo a igualdade, a fraternidade e a liberdade de todos os indivíduos e que todos somos iguais perante a lei.

O que já não é, para mim, tão evidente, é que possa apoiar o número de associações de pressão que exercem os seus lobbies junto das estruturas de governo e que, sabemos perfeitamente, são o garante de emprego para alguns dos seus membros. Sabemos que uma percentagem significativa das organizações não governamentais deste tipo, e de muitos outros tipos, esgotam todo o seu orçamento em honorários de cada membro e não tanto no auxílio às vitimas que defendem.

A fragmentação da sociedade em associações de pressão pode ser benéfica para despertar para uma determinada causa, mas também podem ser geradoras de maiores cisões entre os próprios cidadãos. Já aqui referi uma vez (e não me parece que tenha mudado de ideias), mas é sempre bom voltar a dizer: devemos não lutar contra o racismo, mas devemos ser bem educados. A educação de todos os membros da sociedade portuguesa deve apenas observar um único tópico: considerar todos como iguais, independentemente da sua origem ou do seu sexo ou da sua opinião.

A fragmentação da sociedade em associações vinca, naturalmente, mais as diferenças entre as origens e os sexos e as opiniões. No entanto, o que precisamos não é apenas que se respeite a singularidade de cada um – raça, sexo, opinião e outras – mas se possa curar a relação entre as diferentes singularidades.

Temo que, ao estarmos a lembrar a não descriminação das raças, vinquemos que existem raças diferentes e na memória de cada um seja mais importante a singularidade da raça, do que a universalidade da humanidade. 
Simplificando o que disse: em vez de olharmos para a cor da pele devíamos olhar para a Humanidade [não sei se deveria referir também ‘o Humanidade’ para não fazer descriminação de género]. A base de toda a educação deve vir na admiração deste acontecimento maravilhoso que é a humanidade na sua diversidade. 

O que nos falta é, se dúvida, a capacidade de sermos educados para o amor… Quando nos falta um Pai comum, quem vai impor um irmão de todos?