Warren Buffett. Uma fortuna com destino à doação

Conhecido como o ‘Oráculo de Omaha’, começou cedo a sua carreira de negócios. Aos 5 anos já vendia porta a porta. Com 90 anos está no ranking dos cinco mais ricos, mas a sua fortuna sai da família para ser doada. «Não sou entusiasta da fortuna mantida em dinastias, especialmente quando a alternativa são seis…

Warren Buffett juntou-se ao círculo restrito de empresários cuja fortuna ultrapassa os 100 mil milhões de dólares (83,8 mil milhões de euros). Esta subida no ranking dos mais ricos surgiu depois de o preço das ações Berkshire Hathaway ter atingido, na semana passada, níveis recorde. Uma valorização que contrariou as subidas dos últimos meses, em que os investidores têm preferido apostas nas empresas de tecnologia. Mas que mudou agora de tendência. 

«Recentemente temos assistido a uma ligeira correção nos setores que se têm destacado mais ao longo da pandemia e aqueles que, por outro lado, têm sido mais prejudicados. E os investidores têm acompanhado esta mudança aproveitando alguns setores que se encontram ‘subvalorizados’, apresentando oportunidades de crescimento à medida que são ultrapassados os constrangimentos sanitários», garante à LUZ Henrique Tomé, analista XTB, lembrando que «o setor tecnológico tem sido o principal impulsionador ao longo do último ano e com o retomar da reabertura da economia deverá estar mais exposto a possíveis correções».

Com 90 anos, o empresário norte-americano, a par de ser um dos homens mais ricos do mundo, também é considerado um dos bem sucedidos e respeitados de todos os tempos. E o sucesso fala por si: o conglomerado Berkshire Hathaway conta com mais de 60 empresas, onde está incluída a seguradora norte-americana Geico e a fabricante de baterias Duracell. «Warren Buffett é um dos mais reconhecidos investidores de todos os tempos, e a sua filosofia de investimentos tem gerado ganhos consistentes e consideráveis ao longo de vários anos, merecendo o reconhecimento que tem hoje em dia», diz o analista.

Conhecido como o ‘Oráculo de Omaha’, a fortuna de Warren Buffett poderia ser ainda mais elevada se não tivesse optado por fazer doações das suas ações da Berkshire a instituições de caridade ou à Fundação Bill e Melinda Gates. Exemplo disso é a organização filantrópica levada a cabo juntamente com o fundador da Microsoft, em 2010, que pedia aos bilionários que se comprometessem a doar pelo menos metade da riqueza à caridade. De acordo com a Forbes, o empresário já doou mais de 41 mil milhões de dólares (34,3 mil milhões de euros) até à data. 

Nasceu em Omaha. É o segundo de três filhos de Howard e Leila Buffett. O seu pai, um homem de negócios, cumpriu quatro legislaturas na Câmara dos Representantes dos EUA. Mas desde pequeno que Warren mostrou as suas capacidades por ‘fazer’ e guardar dinheiro. Aos cinco anos vendia pastilhas elásticas, Coca-Colas e revistas porta a porta. Mais tarde foi trabalhar para a loja de doces do seu avô. Fez o seu primeiro negócio na bolsa em 1941 ao comprar ações da petrolífera Cities Services por 38 dólares. Vendeu pouco depois por 40 dólares. No entanto, apesar do ganho, as ações continuaram a subir até aos 200 dólares.

Buffett entra na Wharton School da Universidade de Pensilvânia, mas, dois anos depois, transfere-se para a Universidade do Nebrasca em Lincoln, onde termina o bacharelato em Gestão de Empresas. Conclui o mestrado em Economia em 1951 na Columbia Business School que contava Benjamin Graham como professor, autor de um dos seus livros favoritos de finanças.

Depois de uma curta passagem pela Buffett-Falk, corretora liderada pelo seu pai, é convidado pelo mentor para a sociedade Graham-Newman, como analista de títulos. É aqui que desenvolve as suas estratégias de seleção de ações. 
A partir daí vai aumentando os seus investimentos e também a sua fortuna. No seu currículo deixa alguns arrependimentos como o próprio chegou a admitir aos seus acionistas. Um dos casos mais emblemáticos foi a sua aposta no setor têxtil que saiu fracassado. 

Em 1979, pela primeira vez, entra na lista dos mais ricos dos Estados Unidos da América, a Forbes 400. Tinha 620 milhões de dólares (mais de 500 milhões de euros). Mas só em 2008 é que consegue atingir a primeira posição na lista dos mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em 68 mil milhões de dólares (mais de 57 mil milhões de euros – o equivalente ao produto interno bruto trimestral de Portugal nesse ano.

Doações
Buffett tem três filhos: ‘Susie’, ‘Howie’ e Peter. O milionário norte-americano já decidiu que, após a sua morte, 83% de Berkshire Hethaway serão doados à Fundação de Bill e Melinda Gates. Outra parte tem como destino a Fundação Buffett, a fundação da família que em 2004 já recebeu a herança da primeira mulher do capitalista filantropo. «Não sou entusiasta da fortuna mantida em dinastias, especialmente quando a alternativa são seis biliões de pessoas bem mais pobres», disse Buffett, quando anunciou a dádiva à fundação do amigo Bill Gates. O sucesso, disse na altura, «mede-se pelo número de pessoas que realmente nos amam. Se chegar à minha idade e ninguém pensar bem a seu respeito, não importa o tamanho da sua conta bancária – a sua vida é um desastre».

Ficaram célebres algumas declaração que fez aos seus acionistas. «Tentamos simplesmente ter medo quando os outros têm ganância e ter ganância quando os outros têm medo». Ou: «Se for forçado a escolher, não trocarei uma única noite de sono pela hipótese de ganhar lucros adicionais».