Liberais criticam desfile comemorativo do 25 de Abril só com partidos de esquerda

Desfile na Avenida da Liberdade limitado às entidades que pertencem à comissão promotora. Participam PS, Bloco, PCP, PEV, Livre e MAS.

O tradicional desfile na Avenida da Liberdade abriu uma polémica entre a Iniciativa Liberal e a Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril. Os liberais acusam a organização do desfile de os impedir de participar e de só permitir a participação dos partidos de esquerda. A comissão promotora argumenta que as restrições impostas pela pandemia obrigam a limitar a participação no desfile do próximo domingo.

A Iniciativa Liberal revela, em comunicado, que contactou a Associação 25 de Abril para participar no desfile, mas foi informada que este ano não o podia fazer devido às “limitações relacionadas com a saúde pública que vivemos”.

Perante este cenário, os liberais criticam que possam apenas participar no tradicional desfile do 25 de Abril as “organizações que integram a comissão promotora”, ou seja, os partidos de esquerda.

“As celebrações do 25 de Abril não são exclusivas dos partidos de esquerda, nem de organizações satélites. Se, cumprindo as diretrizes da DGS, existe a possibilidade de diversas entidades e partidos participarem, não é aceitável que se exclua a Iniciativa Liberal”, refere, em comunicado, o partido liderado por João Cotrim Figueiredo.

A Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril é composta por cerca de 40 entidades. Ao todo, fazem parte desta comissão seis partidos da área da esquerda: Partido Socialista, Bloco de Esquerda, PCP, Partido Ecologista “Os Verdes”, Movimento Alternativa Socialista (MAS) e o Livre.

A Juventude Socialista, JCP e os jovens do Bloco também estão entre as organizações que integram a comissão organizadora, bem como a CGTP, UGT, Conselho Nacional da Juventude, Associação Portuguesa de Deficientes e o Movimento Democrático de Mulheres.

O tradicional desfile na Avenida da Liberdade não se realizou, pela primeira vez, em 2020 devido à pandemia. A Associação 25 de Abril volta a apelar este ano aos portugueses, “tendo em conta os condicionamentos” provocados pela pandemia, para que venham “às janelas e às varandas”, às 18 horas, e cantem a “Grândola, Vila Morena”, seguida do hino nacional.

Na prática, o desfile deverá realizar-se este ano, mas com um número limitado de participantes. A intenção é que só participem as entidades da comissão promotora.

Parlamento com restrições A sessão solene comemorativa do 47.º Aniversário do 25 de Abril de 1974 vai realizar-se com as mesmas restrições aplicadas há um ano. A intenção é que não estejam mais de 100 pessoas hemiciclo, entre deputados, governantes e convidados. Na sessão, com início previsto para as 10 horas, usam da palavra Marcelo Rebelo de Sousa, Ferro Rodrigues, os representantes dos grupos parlamentares e os deputados únicos João Cotrim Figueiredo e André Ventura.

O CDS e o Chega contestaram, há um ano, as celebrações do 25 de Abril devido á pandemia. Os centristas sugeriram que a tradicional cerimónia evocativa do 25 de Abril na Assembleia da República fosse substituída por uma mensagem ao país do Presidente da República.

André Ventura escreveu uma carta ao presidente da Assembleia da República com um apelo para cancelar as comemorações. O presidente do Chega defendeu que a cerimónia não deveria realizar-se numa altura em que “os portugueses, na sua esmagadora maioria, continuam confinados nas suas casas”.