“Em Maputo tudo funciona”

Nuno Ferreira tem 38 anos e vive em Moçambique há nove. Aterrou primeiro em Nacala, onde esteve três anos. Em 2015 rumou à capital do país.

Nuno Ferreira está há nove anos em Moçambique. Quando deixou Portugal, em 2012, tinha 29 anos. «Foi uma oportunidade através de um familiar que tinha cá negócios e convidou-me para um projeto lá em cima, no Norte – numa empresa de construção e imobiliário», conta. 

Esteve três anos em Nacala, onde a vida era muito diferente daquela que tem atualmente na capital moçambicana, Maputo. «Nunca imaginei que iria ficar cá estes nove anos, as coisas foram-se desenrolando. Estive naquele projeto, depois entretanto tive também um restaurante em Nacala. Mas no Norte, a adaptação foi um pouco difícil, com algumas dificuldades, como problemas de água e energia. Mas, por outro lado, é uma cidade rodeada de belas praias de cenário paradisíaco. Em 2015 decidi vir para Maputo, entrei numa empresa do ramo petrolífero e, hoje em dia, sou diretor financeiro da empresa, já há quatro anos», adianta. 

Licenciado em Gestão pela Universidade Nova, em Lisboa, Nuno confessa que «nunca tinha pensado em sair de Portugal», mas a «oportunidade surgiu» e decidiu agarrá-la. 

Apesar das várias notícias sobre o caos e a desordem que o país atualmente atravessa, em Maputo o impacto parece ser nulo. «Nós, no Sul, não sentimos nenhum tipo de perigo, estamos muito longe, pois o Norte fica a 2700 quilómetros de distância. Não sentimos esse impacto diretamente aqui em Maputo», explica Nuno Ferreira, antes de relembrar a sua chegada ao país. «Foi difícil. Naquela altura fui para Nacala, como referi, que é na província de Nampula. O primeiro mês foi complicado, estava longe da família e dos amigos, nunca tinha emigrado e a cultura também é diferente… Foi um desafio. Depois, com o decorrer do tempo, comecei a conhecer pessoas, tanto a comunidade local como a portuguesa e comecei a ambientar-me. Fiz amizades que até hoje mantenho», recorda.

Corria o ano de 2015 quando se mudou para a capital e onde acabou por conquistar um estilo de vida que compara ao de Portugal. «Em Maputo tem-se uma vida bastante parecida com Portugal. Tem serviços, restaurantes, cinemas e atividades culturais… Em Maputo tudo funciona», assegura. 

Apesar do choque inicial, Nuno não esquece a hospitalidade do povo moçambicano, do Norte ao Sul: «Fui super bem recebido. As pessoas são muito abertas e sempre fui bem recebido, desde Nacala até aqui. É um povo amigável e as pessoas são muito acessíveis, não tenho nada a apontar».

Com o estado de emergência em vigor desde abril de 2020 devido à pandemia, Nuno conta como «já foram levantadas algumas restrições», apesar de os «acessos às praias terem sido cortados, os restaurantes continuarem com horários limitados e os cinemas ainda estarem fechados». «Em termos de rotinas diárias, eu sempre fui trabalhar presencialmente e em cumprimento com as normas de prevenção em vigor no País».