Covid-19. Lisboa já passou linha vermelha. Mais casos nos jovens

Incidência na capital aproxima-se dos 150 casos por 100 mil habitantes. Só maiores de 80 não têm subida. 

O concelho de Lisboa já passou a linha vermelha adotada pelo Governo para monitorizar o desconfinamento por concelhos, tendo chegado no sábado aos 135 casos por 100 mil habitantes e aproximando-se agora dos 150. A tendência é para chegar ao início da próxima semana com 180 casos por 100 mil habitantes.

Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que faz a monitorização da epidemia a partir dos dados da DGS, que só são divulgados ao público e imprensa à sexta-feira, adianta ao i que esta tendência reflete uma aceleração dos diagnósticos mas salienta que a maioria dos novos casos se têm concentrado nas faixas etárias mais jovens, considerando não haver por isso razão para a alarme mas para vigilância e reforço de testagem.

O secretário de Estado da Saúde Diogo Serras Lopes admitiu ontem um reapertar de medidas em Lisboa, seguindo-se as regras que têm sido aplicadas no resto do país. “Já vimos variadíssimos concelhos a mover-se num sentido de um maior confinamento ou de um maior desconfinamento e assim continuará a acontecer”, afirmou. Até aqui o Governo tem esperado pela segunda avaliação consecutiva mas no caso de Lisboa, sendo o concelho mais populoso do país, além do reforço da testagem, as decisões podem ser antecipadas, podendo ser gerais ou visando as freguesias mais afetadas, que a DGS não divulgou até aqui.

Mas note-se que os casos em Lisboa não explicam todo o aumento na última semana: com uma incidência cumulativa de 135 casos por 100 mil habitantes até sábado, significa que nos 14 dias anteriores foram diagnosticados no concelho 687 casos, quando só na última semana foram diagnosticados em todo o país de novo mais de 3 mil casos, dos quais 1300 na região de Lisboa, notando-se também um aumento das infeções nos concelhos vizinhos.

Aumento em todas as idades menos maiores de 80 Além do grupo etário dos 20-29 anos, que já estava a registar uma incidência mais elevada na região de Lisboa do que no resto do país, Carlos Antunes assinala que na última semana se verifica também um aumento dos diagnósticos na faixa etária dos 10 aos 19 na região de Lisboa. Por outro lado, na região Norte e Centro aumentaram também os diagnósticos na faixa etária dos 20 aos 29 e 30-39. “Temos o aumento de todas as faixas etárias à exceção dos maiores de 80, parecendo resultar de uma maior socialização nas idades mais jovens”.

Os dados disponibilizados pela DGS, que o i analisou, confirmam isso mesmo: na última semana, de segunda-feira a domingo, foram diagnosticados 3078 casos no país, um aumento de 17%. O grupo etário dos 80 anos é o único em que não se verifica um aumento de infeções, sendo a subida maior na população ativa. A maior subida verificou-se no grupo etário dos 30 aos 39 anos (+40%), seguindo-se os jovens dos 10 aos 19 (+38%) e 20 e 29 (+35%), sendo que este se mantém o grupo etário com mais casos (661 na semana passada).

Entre os mais velhos e com maior risco de doença grave, houve um ligeiro aumento nos diagnósticos acima dos 70 anos (157 casos) e uma redução nos idosos com mais de 80, pela primeira vez desde o verão passado pouco mais de cem casos numa semana (103).

No pico da epidemia, em janeiro, quando Portugal foi dos países do mundo com mais mortes por milhão de habitantes, chegaram a ser mais de mil infetados por dia nesta faixa etária. Em termos de hospitalizações, há 239 doentes internados. Cada vez menos idosos mas ainda a maioria (100 com mais de 80).

De há um mês para cá, adianta ao i Carlos Antunes, subiram de 10 para 21 os doentes internados em enfermaria na faixa dos 30 aos 39 anos e de 29 para 57 na faixa dos 50 aos 59.