Mulheres continuam a ganhar menos do que os homens. Mais de um quarto das trabalhadoras recebe salário mínimo

8,5% das mulheres estavam em situação de pobreza em 2020, apesar de estarem empregadas.

Um estudo da CGTP, baseado em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), revela que as mulheres continuam a ganhar menos dos que os homens: 26% das trabalhadoras em Portugal receberam o salário mínimo em 2020 e 8,5% estavam em situação de pobreza, apesar de estarem empregadas.

O Inquérito aos Ganhos e Duração do Trabalho salienta que as atividades com maior incidência de trabalhadoras a receber o salário mínimo nacional no ano passado eram a indústria têxtil, do vestuário e calçado, com cerca de 52% das trabalhadoras nessa situação; a indústria alimentar e de bebidas, a indústria das madeiras e mobiliário, o alojamento e restauração, a fabricação de produtos minerais não metálicos, todas com mais de 40% de incidência.

Seguiam-se as atividades administrativas e dos serviços de apoio, serviços diversos, as atividades de saúde e apoio social (do setor privado) e o comércio, todas com percentagens superiores a 30%.

"Como consequência dos baixos salários auferidos, em 2019, 8,5% das mulheres trabalhadoras eram pobres mesmo após transferências sociais, ou seja, mesmo depois de receberem as prestações sociais de que são beneficiárias", refere ainda o documento, a que a agência Lusa teve acesso, que vai servir de base de discussão para a 8.ª Conferência Nacional da Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens, que se realiza em Lisboa, no dia 2 de junho.

Sublinhe-se que as mulheres constituem atualmente cerca de metade da população ativa e do emprego total e mais de metade do emprego assalariado, cerca de 52%. No entanto, continuam a ganhar menos do que os homens, sendo a diferença de 14%, na generalidade, e de 26,1% entre os quadros superiores, segundo o mesmo estudo da CGTP.

Quando são comparados os ganhos mensais e não apenas salários, o diferencial global sobe de 14 para 17,8%, dado que os homens fazem mais trabalho extraordinário e recebem mais prémios, porque as mulheres continuam a dar mais assistência à família