Miguel Oliveira. O Falcão voou alto em Itália

Fabio Quartararo (Yamaha) mostrou que é de outro campeonato, e com a vitória reforçou a liderança no mundial de MotoGP. Miguel Oliveira (KTM) fez uma grande corrida e garantiu o segundo lugar no Grande Prémio de Itália.

O circuito de Mugello trouxe novidades ao mundial de motociclismo. A KTM e Suzuki saíram do anonimato e ameaçaram a ordem estabelecida pela Yamaha e Ducati. Fabio Quartararo é, claramente, o piloto mais rápido na atualidade, conseguiu a quarta pole position consecutiva, e dominou a corrida de princípio a fim.

Os pilotos da Ducati bem tentaram segurar Quartararo, que não fez um grande arranque, e Bagnaia chegou a andar na frente. A sua ousadia terminou à segunda volta, altura em que o piloto da Yamaha assumiu o comando. Depois, impôs um andamento fora do comum – realizou um conjunto de voltas mais rápidas – e garantiu o primeiro lugar de forma tranquila, até porque o seu adversário Bagnaia foi “ao tapete” e desistiu. Foi um triunfo triste, como reconheceu no final. “Esta vitória é para o Jason Dupasquier. Descansa em paz campeão” foram as primeiras palavras de Quartararo, que assim homenageou o piloto de 19 anos, que sofreu um grave acidente nos treinos de Moto3 e viria a morrer no domingo. Sobre a corrida, disse: “Foram muitas emoções. É estranho começar com um minuto de silêncio. Foi muito difícil, pensei nele em todas as voltas. Não sei como consegui estar concentrado e manter um ritmo tão forte” salientou o emocionado Quartararo.

De regresso a um dos seus circuitos favoritos, Miguel Oliveira mostrou na qualificação (7.º tempo) estar dentro do ritmo dos mais rápidos. A KTM fez alterações no chassi da moto com o objetivo de permitir aos pilotos acelerar mais cedo à saída das curvas, e usou um novo combustível para melhorar o rendimento do motor. As alterações deram maior competitividade a Miguel Oliveira e ao colega de equipa Brad Binder, que igualou o recorde de velocidade máxima com 362,4 km/h!

Na corrida, Miguel Oliveira saiu disparado para o terceiro lugar, e travou uma luta intensa com Zarco durante 15 voltas. O piloto português fez uma prova muito inteligente, e soube conservar os pneus para atacar na segunda metade da corrida. Numa manobra bem conseguida ultrapassou Zarco e subiu ao segundo lugar – nem a força da Ducati nas retas conseguiu deter Miguel Oliveira, o Falcão, como lhe chamam, que era o piloto mais rápido em pista no final da corrida. Mas nada estava garantido, as duas últimas voltas foram de intensa luta com Joan Mir (Suzuki), que tinha subido ao terceiro lugar. O Falcão abriu as asas, voou melhor, e manteve o atual campeão do mundo atrás de si, conseguindo o melhor resultado da época para a KTM.

“Foi uma corrida dura. No início não estava muito confortável para atacar, uma vez que tinha montado no trem dianteiro um pneu duro e não tinha a melhor aderência. Nas primeiras voltas andei com algum cuidado, mas depois consegui ser bastante rápido. A moto tem melhor comportamento e isso ajudou-me. Este é um desporto cruel, mas temos que seguir em frente. Precisávamos deste pódio, mas, nestas circunstâncias, não estou feliz, só pensava no Jason e na sua família” disse Miguel Oliveira.

Classificação final: 1.º F. Quartararo (Yamaha), 41.16,344s; 2.º M. Oliveira (KTM), a 2,5 s; 3.º J. Mir (Suzuki), a 3,0 s; 4.º J. Zarco (Ducati), a 3,5 s; 5.º B. Binder (KTM), a 4,9 s.

FIM DE LINHA Valentino Rossi, ainda não o disse, mas já pensa na saída do MotoGP, e deverá anunciar uma decisão no verão. O heptacampeão do mundo teve o pior início de campeonato, com quedas e uma falta de andamento nunca antes vista, o que poderá contribuir para o fim de um ciclo. Se a prova de Mugello era o começo de uma sequência de corridas muito importantes para decidir o futuro, o 10º lugar final em nada ajudou a manter a motivação. “Depois das férias de verão vou falar com a equipa, com os patrocinadores e decidir o que farei no próximo ano”. Embora não o admita, tem todo o ar de despedida, a menos que os “deuses” das pistas joguem a seu favor nas próximas corridas.