Israel. Bastaram três dias para o novo Governo bombardear a Palestina

Bombardeamento israelita foi uma resposta ao lançamento de balões incendiários vindos de território palestiniano.

Apenas três dias depois de ter tomado posse um novo governo de Israel, com Naftali Bennett, um político da extrema-direita judaica, a ascender ao cargo de primeiro-ministro, a administração lançou os seus primeiros ataques aéreos à Palestina, quebrando assim um cessar-fogo que estava imposto à menos de um mês.

Depois de 11 dias consecutivos, em maio, de ataques aéreos que provocaram a morte de mais de 260 palestinianos e 13 israelitas. Agora, Israel voltou a bombardear este território, em resposta ao lançamento de balões incendiários na terça-feira desde o território palestiniano para o sul de Israel.

A ofensiva da Palestina foi lançada como resposta a uma marcha de judeus ultranacionalistas e da extrema-direita no setor palestiniano ocupado da Cidade Santa, esta terça-feira.

Milhares de israelitas reuniram-se à volta da Porta de Damasco, na Cidade Velha de Jerusalém antes de se dirigirem ao sagrado Muro Ocidental do Judaísmo, cruzando bairros palestinianos, com muitos a gritarem euforicamente: “morte aos árabes”, segundo o Guardian, o que provocou a indignação da população.

No protesto que se seguiu, a comunidade palestiniana acabou por ser atacada pelas autoridades israelitas, que dispararam balas de borracha e detiveram pelo menos 17 pessoas e provocaram pelo menos 30 feridos, sendo a multidão expulsa da Porta de Damasco.

Entretanto, o Hamas, em protesto, decidiu lançar balões incendiários que terão causado cerca de 20 incêndios no sul de Israel. Os militares israelitas informaram que os seus ataques aéreos de retaliação tiveram como alvo complexos armados do grupo islâmico na cidade de Gaza e na cidade sulista de Khan Younis e informaram que estão “prontos para todos os cenários, incluindo novos combates face aos contínuos atos terroristas que surgem de Gaza”. De acordo com a BBC, os bombardeamentos duraram cerca de dez minutos e não provocaram fatalidades.

Um porta-voz do Hamas disse à Reuters que os palestinianos pretendem continuam a sua “resistência e a defender os direitos e locais sagrados” em Jerusalém.

O novo vice-primeiro-ministro de Israel, Mansour Abbas, do partido Raam, o primeiro partido de cidadãos palestinianos a fazer parte de um governo israelita, disse a uma rádio local que se opõe a qualquer tipo de “provocação” ao povo palestiniano e que “todas as pessoas que viram e acompanharam a marcha perceberam qual era o seu propósito”, acrescentando que esta “foi uma tentativa de ‘incendiar’ a região com objetivos políticos”, pretendendo minar o novo governo.

“Apelo a ambos os lados para não arrastarem este conflito de forma a escalar a situação, assim como manter a máxima restrição”, disse Abbas, citado pelo Times of Israel, que referiu ainda que a polícia e o ministério da segurança pública deveriam ter cancelado este evento.

No domingo, depois do governo ter sido oficializado e antes de ser oficializada a marcha ou de terem sido lançados ataques, diversos líderes políticos palestinianos desvalorizaram as alterações no governo israelita, uma vez que consideram que o novo primeiro-ministro iria prosseguir a “mesma agenda da ala direita que o seu antecessor”, escreve a Al Jazeera.