Retomados combates entre talibãs e forças afegãs

Os talibãs têm avançado no Afeganistão após a retirada das tropas americanas e da NATO do país. Os EUA encerram formalmente a sua missão militar de 20 anos no Afeganistão

Os combates entre os talibãs e as forças afegãs retomaram ontem em várias cidades. Em Kandahar, no sul do país, a pista do aeroporto, localizado nos subúrbios onde os rebeldes e as forças afegãs se confrontam há várias semanas, foi danificada por três foguetes.

“Dois foguetes danificaram a pista (…) por isso todos os voos de e para o aeroporto foram cancelados”, declarou o chefe do aeroporto, Massoud Pashtun, tendo sido esta informação confirmada por um responsável da aviação civil em Cabul.

Recorde-se que os talibãs têm levado a cabo uma ofensiva generalizada no país nos últimos três meses, tendo-se aproximado nas últimas semanas de Kandahar, estando situados nos arredores da segunda maior cidade do país, com 650 mil habitantes.

Assim, após a conquista de áreas rurais afegãs, o movimento rebelde ameaça agora várias capitais regionais, pois, para além da cidade anteriormente referida, aproximaram-se também de Herat (oeste), terceira mais populosa (600 mil habitantes), e de Lashkar Gah, capital da província de Helmand (sul), perto de Kandahar. No entanto, em Herat, Ismail Khan, poderoso da guerra local, opõe-se aos talibãs e auxilia os combates.

“O aeroporto de Kandahar foi visado por nós porque o inimigo estava a usá-lo como um centro para realizar ataques aéreos contra nós”, disse Zabiullah Mujahid, porta-voz do Taleban, à Reuters, sendo, deste modo, o objetivo primordial impedir ataques aéreos conduzidos pelas forças do governo afegão.

Captura de mais de metade do território afegão Em declarações à AFP, Abdul Saboor Qani, governador da província de Herat, elucidou que “neste momento, há combates na periferia sul e sudeste da cidade de Herat”, incluindo nas áreas de Pashtun Pul – próximas dos escritórios da Missão das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) – e Pul Malan, duas pontes localizadas a cerca de 10 quilómetros a sul da cidade. “As forças de segurança afegãs e as ‘forças de resistência’ (milícias anti-talibã) estão a lutar para recuar e destruir os talibãs. Temos tentado poupar a população tanto quanto possível, mas o inimigo tomou posições em casas particulares. Estamos a avançar cuidadosamente para evitar vítimas civis”, acrescentou.

Os talibãs têm avançado no Afeganistão após a retirada das tropas americanas e da NATO do país e, nas últimas semanas, o grupo islâmico fundamentalista disse ter capturado mais da metade de todo o território afegão, incluindo travessias de fronteira com o Irão e o Paquistão.

A escalada de violência levou a que pelo menos sete pilotos afegãos tenham sido assassinados nos últimos meses, de acordo com dois altos funcionários do governo afegão em declarações à Reuters. Segundo os mesmos, esta é parte de uma campanha para ver os pilotos afegãos treinados nos EUA “serem alvejados e eliminados”.

Os EUA encerrarão formalmente a sua missão militar de 20 anos no Afeganistão no próximo dia 31 de agosto, mas os insurgentes estão rapidamente a tomar o território antes controlado pelo governo do presidente Ashraf Ghani, apoiado pelos EUA, aumentando, consequentemente, o temor de que possam tentar tomar a capital, Cabul.