Entre a Teologia intemporal e os dias de hoje

1.Esta semana tive um daqueles momentos na vida que será difícil esquecer. Refiro-me ao privilégio que tive em estar (com minha mulher Ana Maria) com o cardeal José Tolentino de Mendonça, numa reunião privada. Ouvi-lo refletir sobre a natureza humana, sobre a relações interpessoais de solidariedade e quantas vezes de rotura seguidas dos compromissos possíveis…

1.Esta semana tive um daqueles momentos na vida que será difícil esquecer. Refiro-me ao privilégio que tive em estar (com minha mulher Ana Maria) com o cardeal José Tolentino de Mendonça, numa reunião privada. Ouvi-lo refletir sobre a natureza humana, sobre a relações interpessoais de solidariedade e quantas vezes de rotura seguidas dos compromissos possíveis que se estabelecem, obriga-nos a refletir sobre o que somos e como nos enquadramos na sociedade.

Sem querer cometer inconfidências, dificilmente esquecerei o exemplo recebido de sua avó materna, recordando-me eu dos meus Avós que tive a sorte de conhecer, pessoas de um saber de vida inesquecível e de uma cultura surpreendente para os poucos estudos adquiridos – mas que tinham o principal numa sociedade: o de se saberem integrar e deixar exemplos, transmitindo valores às gerações seguintes. 

Uma personagem fascinante e fascinado pela figura do Papa Francisco que, numa das suas encíclicas, soube citar Vinícius de Morais, referindo que «a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida». O encontro com o cardeal Tolentino que me foi proporcionado por gente amiga que sabe ser generosa e partilhar amizades, ficará na nossa memória como um exemplo a recordar e a certeza de que tantos desencontros só são possíveis quando se libertam os defeitos inerentes à natureza do ser humano.

2.Falando nos defeitos da natureza humana, por vezes somos confrontados na política com afirmações que nos deixam siderados. Refiro-me, por exemplo, ao ministro do Ambiente que, ao sentir nas redes sociais os protestos pelos aumentos desmesurados dos preços dos combustíveis, se lembrou de dar voz ao populismo esquerdista, ao sugerir como principal razão destas subidas as margens dos distribuidores. 

A um Governo de esquerda fica sempre bem debitar estas ‘tiradas populistas’. Os parceiros comunistas e bloquistas gostam e assim se ganham ‘créditos’ para discussões futuras, como do OGE 2022. Fizeram-se estudos comprovativos destas subidas, zurziram-se os capitalistas gananciosos e o ministro até sugeriu que se limitassem as margens dos distribuidores que, asfixiados por decréscimos significativos das vendas, ousaram aumentar as margens.

Alguém ouviu o ministro referir que, no preço dos combustíveis, cerca de 60% são impostos? Nunca! Mas são, entre (i) o IVA a 23%, (ii) o ISP (Eur 0,526/l na gasolina e Eur 0,343/l no gasóleo), (iii) a Contribuição do Serviço Rodoviário (Eur 0,087/l na gasolina e Eur 0,111/l no gasóleo) e (iv) a Taxa de Carbono (Eur 0,054/l na gasolina e Eur 0,059/l no gasóleo), segundo dados da Apetro. A isto ainda temos que somar o adicional às taxas do ISP, no montante de 0,007 €/l para a gasolina e de 0,0035 €/l para o gasóleo rodoviário, medida temporária desde 2016 que se tornou permanente. 

Sobre a taxa de Carbono que foi introduzida em 2015, esta taxa era de ‘apenas’ Eur 0,0126/l de gasolina e de gasóleo. Agora, volvidos seis anos, esta taxa mais do que quadruplicou. E sobre as perspetivas para 2022? Ouso preconizar que vai voltar a aumentar.

Oh, senhor ministro, acha mesmo que o problema dos preços aumentarem (para além da matéria prima) são as margens da distribuição? Ou serão os impostos indiretos, feroz exemplo da austeridade que reclama não existir, mas que temos de suportar de forma indolor?

3.Enquanto se espera pelo futebol jogado que inicia a época 21/22 este fim de semana, fomos assistindo a diversos debates em que o tema central foi o Benfica, dada a perspetiva de eleições até dezembro e o apregoado interesse de um americano em entrar no capital da SAD (logo com 25%).

Ainda a procissão vai no adro e já há muitos a quererem pegar no andor, bem animados pelo sucesso do empréstimo obrigacionista que angariou a meta mínima de Eur 35 milhões, no meio desta turbulência e a certeza de imensas incertezas no futuro próximo do Benfica. 

As vertentes desportiva e financeira dependem da entrada na Champions, sobretudo quando se constata que a pandemia ‘secou’ tanto o negócio das transferências internacionais de jogadores como as receitas comerciais e de marketing (o público vai regressar a conta-gotas e os main sponsors do negócio futebol fazem contas à relação custo/benefício dos investimentos).

Sobre o tema do investidor, seja ele quem for, a realidade é que o nascimento das SAD visava a sua captação, com o objetivo de elevar os clubes a outros patamares, como temos visto em todo o mundo. Fazer como a ‘avestruz’, negando o diálogo por princípio, não me parece lá muito inteligente, porque quem há anos detém esse capital nada trouxe de inovador ao Benfica.

P.S. – Parabéns a Jorge Fonseca, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos (Judo), sobretudo pelo seu exemplo de vida, pela forma positiva como desafia o futuro, pela ambição que demonstra nos seus discursos! Verdadeiro espírito olímpico!

P.S. 2. – Os deputados recebem ajudas de custo e subsídio de deslocação quando vivem fora de Lisboa, tendo por base apoiar a sua estadia na capital para os trabalhos parlamentares. Faço uma sugestão: seria interessante alguém investigar onde efetivamente moram e comparar com as residências declaradas. Se acredito numa maioria séria e cumpridora, acho que as exceções a encontrar deveriam ser compelidas a devolver as verbas indevidamente auferidas (com juros).