Afinal os americanos fazem falta no Afeganistão?

Fernando Medina dá-se ao luxo de agradar aos novos gurus ambientalistas, e de esquecer-se do povo da Feira Popular.

Ao ver a desgraça ainda maior que se vive agora no Afeganistão recordei-me de textos que li, onde os americanos eram considerados uns bárbaros sem escrúpulos que tinham de deixar o país e que só não o faziam por interesses económicos. Não deixa de ser insólito que essas mesmas figuras agora acusem os americanos de deixarem as populações à mercê dos fundamentalistas islâmicos que cortam a cabeça a uma pessoa com a mesma facilidade com que nós comemos um ovo.

 Sem querer entrar em política externa, do que tenho visto e lido parece-me evidente que os talibãs só estão a reconquistar o território tão facilmente porque a maioria do povo está com eles. Um povo que parou na Idade Média e em que as mulheres são comparadas a cabras que fazem parte de um jogo nacional, o Buzkashi, onde o bicho é lançado de jogador em jogador como se de uma bola se tratasse – isto para simplificar as regras.

Vinte anos depois os americanos entenderam que não querem prolongar a guerra e voltam a casa. Os antiamericanos primários logo trataram de os acusar de deixar um povo indefeso às mãos dos talibãs, quando não se ouve uma palavra contra a Rússia ou a China, que ainda há menos de um mês recebeu os líderes talibãs, penso que à semelhança dos americanos.

Resumindo: um povo desgraçado de um país que é um autêntico cemitério de tropas estrangeiras, até pela sua geografia e que vai voltar à Idade Média – que estava escondida nas grutas.

Nesta luta do bem e do mal, onde os antiamericanos descobrem sempre algo para os atacar, mesmo estando a defender assassinos como os talibãs – ou será que alguém conhece um que não o seja? – confrontamo-nos com a sharia dos ambientalistas que nos querem obrigar a mudar de vida radicalmente, pois entendem que somos uns impuros. Daqui a 20 anos veremos, quem cá estiver, como este fundamentalismo é semelhante ao que a esquerda radical dizia dos americanos quando chegaram ao Afeganistão e que dizem o que dizem agora que estão a regressar a casa.

Mas mudemos de assunto, para outra história também reveladora do pensamento vigente: Fernando Medina, mais o seu cristão-novo José Sá Fernandes, decidiu oferecer o espaço onde se situava o aquaparque do Restelo a duas associações de cicloturismo por 80 euros por mês, segundo noticiou ao Expresso. Não é o (não) valor da renda que está em causa, mas o objetivo da autarquia de ensinar os lisboetas a andarem de bicicleta. Medina, um autêntico ciclista, preocupa-se muito com as novas tendências e, qual Mao Tse tung, vai abrir duas escolas para o povo. Olhando para a história do espaço, além da trágica que determinou o fim dos escorregas, percebe-se que o mesmo já esteve para ser inaugurado várias vezes, mas não tantas como a Feira Popular, algo que o presidente da Câmara de Lisboa acabou, prometendo uma nova para breve – isto há já uns anos.

Como a Feira Popular é mais para o dito povo, Medina pode dar-se ao luxo de deixar ir adiando a sua construção ao sabor das obras de Santa Engrácia, acreditando-se que será inaugurada em vésperas de eleições. É espantoso como alguns políticos tratam os mais desfavorecidos, fazendo crer o contrário. A dita política de género é assim que funciona. Verdadeiros mestres de marketing social e político, conseguem endrominar quase todos ao mesmo tempo. Por quanto tempo é que só saberemos no futuro.

vitor.rainho@nascerdosol.pt