Um Costa cada vez mais maduro

No passado mês de Abril, Costa, primeiro-ministro, saudou o encerramento da refinaria de Matosinhos, enaltecendo as vantagens daí resultantes para o ambiente, por via da redução de emissões.

Há poucos dias, em plena campanha eleitoral para as autárquicas, Costa, secretário-geral do PS,  no uso da palavra perante os apoiantes socialistas em Matosinhos, acusou a Galp de insensibilidade, irresponsabilidade e falta de solidariedade por ter encerrado a refinaria daquela localidade.

Não, não se trata de uma coincidência de nomes: Costa, o primeiro-ministro, é uma e a mesma pessoa que Costa, o secretário-geral do PS.

Costa, quando veste o fato de chefe do governo, tem um determinado discurso, mas quando se assume como cacique partidário, a sua opinião passa a ser diametralmente oposta à anterior.

Ao portador deste tipo de comportamento chama-se, em bom português, trapaceiro!

Costa, o secretário-geral do PS, não tem um pingo de vergonha na testa. Para caçar votos vale tudo, incluindo abandonar ostensivamente as convicções que defende enquanto governante, mudando de paleio conforme a plateia que tem pela frente.

Costa, o primeiro-ministro, para se manter no poder vende a alma ao diabo, aplicando políticas que estão nos antípodas das que o seu partido sempre perfilhou, somente com o objectivo de satisfazer os caprichos da extrema-esquerda que o suporta.

Costa é o exemplo vivo do político abominável, que governa apenas a pensar nas próximas eleições e não nas próximas gerações, borrifando-se para o triste fim a que estas estão condenadas.

Infelizmente, para nossa desgraça, Costa não tem o exclusivo desta mesquinha mentalidade, a qual se tornou na imagem de marca da esmagadora maioria de quem, ao longo das últimas décadas, tem sido chamado a dirigir os destinos do País.

Daí este cada vez mais acentuado divórcio entre os portugueses e aqueles que os governam, conforme o atestam as eleições da passada semana, em que metade do eleitorado nem se deu ao trabalho de se deslocar às assembleias de voto e a outra metade, maioritariamente, fê-lo por descargo de consciência.

Sócrates, de quem Costa foi o número dois, convém nunca nos esquecermos desse pormenor, deixou-se morrer de amores por Hugo Chavez, tomando-o como fonte de inspiração não só no seu estilo autoritário e arrogante, como também no processo de controlo governamental de todos os aparelhos de Estado, sobretudo do judicial, bem como da comunicação social.

Por coincidência, ou não, num curto espaço de tempo ambos foram chamados a prestar contas perante a justiça, um junto da divina e o outro a enfrentar a terrena.

Costa herdou daqueles dois comparsas o carácter agressivo, insolente e emproado, mas, ao contrário de Sócrates, que soube separar as águas do chavismo, não importando o modelo económico implementado na Venezuela, que em pouco tempo transformou um país rico num dos mais pobres do mundo, Costa tem em Maduro o seu farol na condução do sistema económico e financeiro nacional.

Estamos perante um Costa cada vez mais igual a Maduro, apostado em destruir tudo quanto seja iniciativa privada, privilegiando o domínio estatal nos sectores que devem contribuir para o desenvolvimento da sociedade.

As declarações que prestou junto dos seus acólitos, em Matosinhos, não deixam qualquer margem de dúvida quanto às suas intenções: prometeu aplicar uma lição exemplar à Galp, como represália por ter encerrado a refinaria, deixando no ar ameaças do mesmo género para qualquer outra empresa que actue fora dos parâmetros que ele entende como os adequados.

Maduro não teria conseguido ser mais assertivo nesta cruzada contra o tecido económico privado e estará, certamente, orgulhoso de que a sua postura esteja a fazer escola num país com assento na União Europeia!

Mas o que é mais espantoso, e demonstrativo da mente doentia e traiçoeira de Costa, é que o Estado é um dos accionistas da Galp, apesar de possuir apenas uma participação minoritária, não tendo feito rigorosamente nada para contrariar a desactivação da refinaria, bem pelo contrário, é cúmplice activo na tomada dessa decisão.

Costa, que agora se indigna contra os despedimentos de que foram vítimas quase duas centenas de trabalhadores da Galp, foi um dos responsáveis por estes se terem visto privados do seu ganha-pão, sacudindo agora água do capote ao fingir que esteve a leste de tudo o que se passou.

Um Costa mais maduro, sem escrúpulos e longe de se preocupar com o bem-comum, faz-nos prisioneiros do seu desvario. Se não for travado a tempo, num futuro demasiado próximo estaremos ao mesmo nível do que os infelizes conterrâneos de Maduro, em que 95% da população vive em extrema pobreza!

O milagre do socialismo!

 

Pedro Ochôa