Explosão em táxi está a ser tratada como ataque terrorista no Reino Unido

Taxista trancou passageiro, que tinha um dispositivo explosivo, no veículo e impediu que estragos fossem maiores.

O Remembrance Sunday em Inglaterra foi abalado por uma explosão de um táxi junto a um hospital em Liverpool, da qual resultou um morto e um ferido, um ato que, agora, está a ser tratado pela polícia como um incidente terrorista.

A vítima mortal foi identificada como o passageiro do sexo masculino do táxi e, segundo avança o Guardian, este poderá ter sido o responsável por colocar a bomba dentro do veículo. 

O taxista, David Perry, teve de ser tratado para ferimentos que não colocam a sua vida em risco e já teve alta.

Até ao momento, já foram identificados quatro suspeitos envolvidos neste crime, todos com idades entre os 20 e 30 anos, e foram detidos sob a Lei de Terrorismo (Terrorist Act). 

“Ainda estamos a trabalhar de forma a perceber o que aconteceu e ainda pode demorar algum tempo até estarmos em posição de confirmar tudo aquilo que se passou”, pode ler-se num comunicado divulgado pela polícia de Merseyde.

A explosão aconteceu pouco antes das 11h de domingo, quando se celebrou o Remembrance Sunday, dia dedicado à memória dos soldados mortos em serviço em conflitos, incluindo nas missões mais recentes no Iraque e Afeganistão.

Segundo o chefe da Polícia de Contraterrorismo no noroeste de Inglaterra, Russ Jackson, o passageiro, cuja identidade ainda não foi confirmada pelas autoridades, tinha apanhado o táxi cerca de 10 minutos antes da explosão e pediu para ser levado para o hospital. 

Ao se aperceber das intenções do passageiro, o condutor conseguiu sair da viatura e deixar o suspeito trancado lá dentro, conseguindo fugir e ficando apenas com alguns ferimentos. 

A presidente da Câmara Municipal de Liverpool, Joanne Anderson, elogiou a coragem do taxista. “Deve ter sido uma experiência horrível e, ao saltar de um táxi em movimento, teve sorte em escapar sem grandes ferimentos”, disse à BBC News. “É muito importante apoiarmos a sua recuperação. É de extrema urgência que este homem recupere deste incidente chocante”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, já reagiu ao incidente, tendo afirmado a jornalistas que a “investigação ainda está a decorrer” e revelou que se iria reunir com a Comissão para as Contingências Civis, conhecida por COBRA e responsável por determinar medidas para situações de emergência nacional, de forma a perceber qual é a melhor forma de atuar após este ataque. Johnson ainda elogiou “a incrível presença de espírito e coragem” do condutor. 

Sorte ao escapar impune Segundo um especialista em inteligência militar, Philip Ingram, entrevistado pelo Guardian, o Hospital de Mulheres de Liverpool, local onde ocorreu a explosão do táxi, foi “extremamente sortudo” por escapar sem qualquer tipo de danos, porque, “claramente, o engenho não explodiu como o terrorista pretendia”.

“Caso a explosão tivesse ocorrido na sua totalidade, as janelas e o telhado do carro tinham sido destruídos e os estilhaços de vidros resultantes deste incidente teriam matado as duas pessoas e quebrado algumas janelas do hospital”, disse ao jornal o ex-coronel inglês, depois de estudar os vídeos da explosão.

O último atentado terrorista com uma bomba no Reino Unido ocorreu em setembro de 2017, quando um dispositivo explosivo improvisado foi detonado dentro de uma carruagem do metro de Parsons Green, em Londres, à hora de ponta.

Apesar do incidente não ter provocado nenhuma vítima mortal, 29 passageiros ficaram feridos e tiveram de ser transportados para vários hospitais de Londres.

Na altura, o ataque foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico.