Black Friday. Aproveite os descontos mas com cuidado

É certo e sabido que todos adoramos um bom desconto. E a black friday é um bom momento para o aproveitarmos. Mas também há quem se aproveite do consumidor, principalmente numa altura em que o e-commerce ganha terreno. Nesta data, a que se segue a cyber monday, faça as suas compras com consciência.

A sexta-feira mais louca do ano está a chegar: a black friday tem lugar já este dia 26 e promete levar os entusiastas das compras à loucura, como aliás tem sucedido todos os anos. Este vai ser um fim de semana prolongado no que diz respeito aos preços baixos: é que dia 29, segunda-feira, é cyber monday.

Apesar de os maiores descontos estarem preparados para estas datas, é preciso ter em consideração que são várias as cadeias que decidiram, nos últimos anos, estender a black friday ao mês de novembro e, por isso, apesar de ainda não termos chegado ao dia D dos descontos, muitas empresas já começaram a fazê-los.

A verdade é que a black friday é o primeiro momento de promoções antes do Natal e, por isso, muitos são os que aproveitam a data para poder adquirir os presentes de Natal de forma mais acessível. 

Os dados não deixam margem para dúvidas: quase um em cada dois portugueses admite fazer compras na temporada de compras que se aproxima, que começa com a black friday e se prolonga até depois do Ano Novo. As contas são do Google Consumer Survey Portugal e mostram também que os portugueses são cada vez mais agnósticos em relação ao local onde compram: 53% admitem fazer compras tanto online como em lojas físicas e 22% dizem comprar exclusivamente online.

O estudo demonstra ainda que o comportamento dos consumidores e as dinâmicas comerciais dos retalhistas têm vindo a alterar-se ao longo do tempo. “À semelhança de outros europeus, os portugueses também começam a planear e a organizar esta época semanas antes, as compras podem acontecer em vários canais e dispersam-se ao longo tempo, e não apenas durante a black friday”, diz.

O e-commerce tem crescido, e muito. Segundo o Euromonitor, Portugal foi, em 2020, um dos países da Europa com maior crescimento do e-commerce (54%). “2020 foi um ano de mudanças profundas no retalho, com confinamentos que direcionaram o consumo para o digital e para bens essenciais. Para muitos, sobreviver no ano passado significou crescer as vendas online. A black friday hoje em Portugal já é muito mais que uma sexta-feira de descontos. E, ao contrário do que se pensa, não canibaliza as vendas de Natal”, destaca Joana Bastos dos Santos, Industry Manager na Google Portugal.

Sites falsos triplicam Com a black friday e a cyber monday, chegam também os riscos. A Check Point Research (CPR), da Check Point Software Technologies garante ter assistido a números recorde de websites maliciosos relacionados com compras online. As ofertas chegam aos consumidores via e-mail e os supostos descontos chegam a atingir os 85%.

Feitas as contas, a CPR identificou, em média, mais de 5300 websites por semana, nas últimas seis semanas. Além disso, o número de websites maliciosos relacionados com compras online cresceu 178%, nas últimas seis semanas, em comparação com a média de 2021.

Comprar em segunda mão Mas se há quem pense em comprar novo, parece que os portugueses colocam cada vez mais a hipótese de comprar em segunda mão. Pelo menos é isso que deixa transparecer o estudo realizado pela Cash Converters, empresa de compra e venda de bens em segunda mão. Segundo as conclusões, a maioria dos portugueses começa a ter consciência de que a black friday é um incentivo ao consumo compulsivo e, por isso, mais de 80% admitem estar a planear comprar um produto em segunda mão nesta época.

Mas uma coisa é certa: em segunda mão ou novo, a intenção de comprar artigos nesta sexta-feira existe: mais de 90% dos inquiridos não só tem intenção de fazer compras no dia 26 de novembro, como 44% planeia gastar mais de 100 euros na data que inaugura a temporada de compras natalícias, e que é sinónimo de promoções e consumo.
 Ainda assim, questionados sobre os impactos negativos da iniciativa, o estudo mostra uma maior consciencialização dos portugueses: cerca de 54% dos inquiridos acreditam que a black friday tem consequências negativas para o meio ambiente e 61% está consciente de que, devido à superprodução de novos produtos e outros fatores, as emissões de CO2 podem ser multiplicadas por seis durante este período. Cerca de 46% da amostra acredita ainda que esta data pode causar problemas de resíduos. 

“Tendo em conta este cenário, o estudo prova como a compra em segunda mão começa a ser vista pelos portugueses como uma opção a considerar. Apesar de ainda termos um longo caminho a percorrer, começamos a estar perante um consumidor mais desperto e consciente das consequências que advêm do consumo compulsivo que é promovido por iniciativas como a black friday”, diz Paulo Freitas, porta-voz da Cash Converters em Portugal. E acrescenta que, segundo o estudo, 77% dos portugueses indicam que, nesta data, vão comprar somente o que realmente precisam. “Como tal, esta é uma oportunidade para os retalhistas de produtos em segunda mão oferecerem aos consumidores a oportunidade de adotarem um estilo de consumo mais consciente e inteligente, que lhes permita poupar o ambiente e a carteira”, finaliza.

Modalidades de pagamento

1 – Cartão de crédito – Forma mais usada. É uma das formas de pagamento preferidas dos consumidores portugueses. Para isso basta utilizar o número do cartão, a validade, o código de segurança e, a partir daí, é só inserir o montante. No entanto, é aconselhável utilizar este meio de pagamento apenas em sites seguros ou da sua confiança. Caso contrário, corre o risco de os dados do seu cartão poderem ser roubados e utilizados de forma indevida por outras pessoas. Proteja-se do phishing; assim, não envie o seu número de cartão de crédito, código ou informações pessoais por email. 

2 – Cartão de débito – Solução. Esta forma de pagamento representa para os clientes uma alternativa para os que não gostam de usar ou não têm cartão de crédito. No entanto, nem todos os bancos disponibilizam esta funcionalidade, que só está presente em determinados cartões de débito. Estes cartões dispõem de um código secreto que possibilita aos titulares autenticarem-se perante o banco emissor do cartão, através de um código pessoal que é introduzido no momento de cada transação.

3 – MbWay – Alternativa. Para quem não é adepto dos cartões de crédito, o MB WAY pode ser encarado como uma alternativa. A adesão pode ser feita através da aplicação. A ideia é criar um cartão virtual e a este será associado um código secreto. Sempre que quiser fazer um pagamento, terá de ir à página do MB WAY e criar este cartão, que normalmente só pode ser usado uma vez. Mas há mais modalidades. Este método é seguro porque não necessita de colocar os dados do seu cartão de débito na internet. 

4 – PayPal – Intermediário. Utilizado essencialmente para fazer transferências ou pagamentos online, permite pagar através de Visa, MasterCard, American Express ou mesmo do MB NET de forma bastante segura, já que não precisa de expor os dados do seu cartão de crédito ao site onde efetua a compra. Para poder utilizá-lo só tem de se registar no site da PayPal e associar a esse registo os cartões que pretende utilizar nos pagamentos. Ou seja, a PayPal funciona como um intermediário na compra e não cobra despesas de ativação nem taxas mensais. 

5 – Paysafecard – Payshop e CTT. Neste caso, não precisa de ter qualquer tipo de cartão ou conta bancária. Este cartão pode ser adquirido em qualquer loja Payshop e nas lojas dos CTT. Quem tem cartão pode recorrer ao multibanco. Este método é utilizado em várias lojas online através da inserção de um PIN de 16 dígitos. Tem um plafond máximo de 100 euros e, durante os primeiros 12 meses, a sua utilização é gratuita. A partir daí será aplicada uma taxa de manutenção de dois euros por mês, que serão deduzidos no crédito. 

6 – Skrill – Dívida online. Skrill, anteriormente conhecido como Moneybookers, é uma empresa de e-commerce que permite aos seus clientes comprar com segurança na Internet através de transferências diretas da sua conta bancária. Existem dois tipos diferentes de utilizadores: individuais e comerciais. Para clientes individuais o serviço funciona como uma conta bancária online. Por outro lado, para os comerciantes, o Skrill permite aceitar pagamentos online feitos com cartões de pagamento, como Visa ou Mastercard, ou através das contas do Skrill.

Fazer compras em segurança 

Acesso à internet
Para aceder a lojas online, seja através do computador ou do telemóvel, é essencial ter em atenção se estamos conectados a uma rede fidedigna. Portanto, tenha maior cuidado com os pontos de acesso públicos à internet, como por exemplo os centros comerciais, os transportes públicos ou restaurantes. 
 
Distinguir sites
Este talvez seja o maior desafio do comum dos consumidores. É um processo de análise que requer alguma experiência, conhecimento e perícia. O ideal será sempre optar por lojas online de reconhecida idoneidade, contudo mesmo optando pela marca mais conhecida, não somos alheios ao engano. É fundamental ter em atenção às variações nos nomes dos URL (endereço do site), muitas vezes há trocas acidentais de letras nos nomes das lojas para enganar os visitantes, ao escrevem mal os nomes das lojas.

Condições de venda
Antes de avançarmos para o carrinho de compras, é essencial estar atentos às políticas de devolução praticadas pela Loja Online de forma a evitar surpresas quer com o processo logístico quer com a restituição dos valores pagos. 

Transação
Guarde as garantias dos produtos comprados para casos de troca ou devolução. Esteja também atento ao extrato do seu banco para conferir se os valores que lhe foram debitados correspondem ao valor das compras efetuadas.

Truques para poupar

Comparar preços
Existem vários sites que permitem identificar a loja online que pratica os preços mais baixos para o mesmo produto.

Aproveitar a internet
Há empresas que oferecem descontos só se os artigos forem comprados na internet, pondo em segundo plano as lojas físicas.

Entregas gratuitas
O ideal é aproveitar os sites que não cobram taxas de portes. 

Comprar sem perder direitos  As compras online são práticas, mas nem sempre as lojas virtuais respeitam a lei. O alerta é feito pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco). A associação lembra que há determinadas regras que têm de ser respeitadas. Uma delas passa pela obrigatoriedade da identificação do vendedor: o nome, a empresa ou denominação social, o endereço físico onde se encontra estabelecido, o número de telefone e o endereço eletrónico. As características do bem e do serviço têm de estar identificadas, assim como o custo com impostos, encargos suplementares de transporte, despesas postais ou de entrega e outros encargos. 
Nas compras online à distância, se quiser anular a compra (resolver o contrato) depois de o produto lhe chegar às mãos, tem 14 dias seguidos para comunicar a sua desistência, sem custos ou necessidade de indicar o motivo. O prazo conta-se a partir da data de receção do produto ou, no caso da prestação de serviços, da data da celebração do contrato. 

O vendedor tem 14 dias para restituir os montantes. Caso não o faça, fica obrigado a devolver o dobro, no prazo de 15 dias úteis, e o consumidor pode ter direito a indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais. Se o vendedor propuser o reembolso em vale ou saldo para descontar em futuras compras, o cliente não tem de aceitar e pode exigir a devolução do dinheiro.

E sempre que o preço do bem ou serviço for, no todo ou em parte, coberto por um crédito concedido pelo vendedor ou por um terceiro, com base num acordo entre este e o vendedor, o contrato de crédito fica igualmente sem efeito se o consumidor exercer o direito de livre resolução.

Também nas compras online, o prazo de garantia de um produto novo é, no mínimo, de dois anos, quer compre numa loja física quer à distância. Desde que coberto pela garantia e que não resulte de mau uso, qualquer problema deve ser resolvido sem custos para o cliente, incluindo despesas com transporte, mão-de-obra e material. Também as despesas com o envio de um produto avariado devem ser reembolsadas.

Se fizer a compra pela net, pagar e o produto não lhe for entregue, a lei diz que tem de apresentar queixa no prazo de seis meses a contar da data em que teve conhecimento do facto.