André Ventura viu a arruada do Chega, este sábado, em Braga a ser interrompida por mulher de etnia cigana, pedindo ao líder do partido para "deixar de ser racista". Ventura respondeu ao alegar que "muitos ciganos" não exercer nenhuma profissão, ainda que existam estudos a apontar no sentido contrário do líder do partido.
"Não pode ser racista para os ciganos, que somos seres humanos como os outros. Todos trabalhamos", assinalou Fátima Romero, depois de conseguir furar a comitiva do Chega, que concentrava algumas dezenas de pessoas, para confrontar André Ventura.
Como resposta, o presidente do Chega insistiu que não é racista e que pretende com o seu partido levar os ciganos a trabalhar "como todos os outros".
"Mas nós trabalhamos. A sua etnia também tem uns que trabalham e outros que não trabalham", retorquiu a mulher, de 58 anos.
"Sabe que isso não é verdade", contra-argumentou André Ventura, sublinhando mais uma vez que "há muitos ciganos que não trabalham", ainda que, segundo um estudo de 2015 encomendado pelo Alto Comissariado para as Migrações, verificar que a maioria das pessoas daquela etnia trabalha e também, de acordo com um relatório do Instituto da Segurança Social de 2008, indicar que apenas 3,9% das famílias beneficiárias de Rendimento Social de Inserção (RSI) à época eram de etnia cigana.
"O cigano é um ser humano como outro qualquer. Há ciganos doutores, há ciganos médicos, há ciganos a trabalharem como assistentes sociais", refutou Fátima, ao assinalar que estes também pagam impostos e cumprem as regras.
Já aos jornalistas, Fátima Romero disse que decidiu confrontar Ventura para que este "não fosse tão racista". "Há muito cigano que põe os seus impostos. Um feirante tem que pagar impostos, tem que pagar à Segurança Social. Todos temos que pagar", salientou.
Questionada sobre se recebe RSI, Fátima respondeu que não recebe, mas que se recebesse "era como todos os outros".
"Quantos ciganos recebem? As outras pessoas também recebem. Às vezes, vou aos correios e vejo mais pessoas da vossa etnia a receber o RSI do que da nossa. O que não queremos é ser discriminados. Queremos alugar uma casa e não nos alugam porque somos ciganos. Pedimos emprego e recusam porque somos ciganos. Temos que ter os direitos que outra pessoa qualquer tem. O racismo tem que acabar", realçou.
Por último, Fátima confirmou que no dia 30 de janeiro vai votar num candidato para vencer as legislativas, que para a mesma, a escolha está mais do que decidida: "Senhor António Costa".