FMI. Previsões de crescimento em baixa para 3,9% este ano

E aponta para incertezas: “perturbações nas cadeias de abastecimento e volatilidade nos preços da energia e pressões salariais localizadas”.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa em 0,4 pontos percentuais (pp.) a previsão de crescimento económico da zona euro este ano, para 3,9%, de acordo com a atualização das previsões económicas mundiais divulgadas ontem. “Espera-se que as restrições de mobilidade impostas no final de 2021 pesem no crescimento na zona euro no início de 2022”, diz o relatório.

O organismo internacional mostra-se assim mais pessimista em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países da moeda única este ano face às previsões de outubro, tendo cortado a estimativa em 0,4 pp.. No entanto, melhorou as projeções para 2023 em 0,5 pp., prevendo agora uma expansão de 2,5%.

A travar o crescimento da zona euro este ano estarão as principais economias da moeda única, com o FMI a estimar um crescimento do PIB alemão de 3,8%, 0,8 pp. abaixo das previsões de outubro, e 3,5% do PIB francês, menos 0,4 pp. do que anteriormente.

A tendência de corte foi semelhante quanto às projeções para a economia italiana e espanhola, com o FMI a esperar um crescimento de 3,8% (menos 0,4 pp.) e 5,8% (menos 0,6 pp.), respetivamente. Segundo as projeções, em 2023, a Alemanha deverá crescer 2,5%, França 1,8%, Itália 2,2% e Espanha 3,8%.

Corte a nível mundial

A nível global, o FMI também cortou a previsão de crescimento da economia para este ano em 0,5 pontos percentuais (pp.) para 4,4%. “O crescimento global é estimado em 5,9% em 2021 e deverá moderar para 4,4% em 2022, meio ponto percentual abaixo do que nas Previsões Económicas Mundiais de outubro de 2021”, diz o relatório. 

Esta revisão, de acordo o organismo, deve-se ao impacto das restrições de mobilidade, do encerramento de fronteiras e do efeito na saúde da propagação da variante Omicron, com um peso diferenciado de país para país, mas que deverão condicionar o crescimento no primeiro trimestre deste ano. “O impacto negativo deverá desaparecer a partir do segundo trimestre, assumindo que o aumento global de infeções por Omicron diminui e o vírus não sofre mutações para novas variantes que exigem mais restrições de mobilidade”, refere. 

De acordo com a instituição presidida por Kristalina Georgieva, o corte é amplamente afetado pela revisão em baixa das projeções para as duas maiores economias mundiais: o FMI prevê agora que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresça 4% este ano, menos 1,2 pp. do que no relatório de outubro, e o da China avance 4,8%, menos 0,8 pp. do que previa anteriormente.

O organismo estima ainda que o crescimento da economia mundial continue a desacelerar em 2023 para 3,8%, contudo 0,2 pp. acima do que estimava anteriormente, mas um resultado sobretudo “mecânico”, prevendo que os níveis mais altos de inflação deverão “persistir” durante mais tempo do que o previsto em outubro, enquanto permanecem as disfunções nas cadeias de abastecimento, assim como os preços elevados da energia. O FMI considera que os riscos para as projeções são descendentes, identificando o aparecimento de novas variantes da covid-19, que pode levar a um prolongamento da pandemia e a novas “perturbações económicas”.

E lembra que as “perturbações nas cadeias de abastecimento e volatilidade nos preços da energia e pressões salariais localizadas” leva a que a incerteza em torno da inflação seja “alta”, a que acrescem riscos para a estabilidade financeira e para os fluxos de capital, moedas e situações orçamentais dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento com uma possível subida das taxas de juro nas economias avançadas.