CDS nunca reuniu para sair do Caldas

A comunicação social avançou esta semana que, para que o partido pudesse continuar a voar, a solução mais plausível passaria por fazer voar o seu tão querido ‘Caldas’. Uma solução que, segundo o CDS-PP, nem sequer foi alvo de uma reunião. 

Será Nuno Melo quem fará o CDS-PP voltar a voar? O próprio acredita que sim. A verdade é que, aos dias de hoje, é dos poucos centristas com mandato de relevância para tal: é eurodeputado. Outro seria Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara de Lisboa. Nuno Melo está disponível e com vontade, como o próprio deixou claro nas redes sociais, onde afirma que, «apurado um quadro de normalidade», será candidato ao partido. «Farei um conjunto de contactos para confirmar que há condições institucionais e práticos para que o CDS possa começar um caminho novo, unificador, mobilizador e respeitador», afirmou no Facebook.

O problema é que levantar o CDS-PP do charco onde o próprio se afundou não poderá nunca ser confundido com uma aventura quixotesca cuja vontade cristã bastará para o sucesso. Não: é uma aventura de números. Milhões de números: 700 mil euros de dívidas que vinham de trás e, ao que o Nascer do Sol apurou, 300 mil euros dizem respeito à dívida contraída nesta campanha. Uma informação não confirmada nem desmentida pelo secretário-geral do partido, que ao nosso jornal, afirma apenas que ainda estão a «ultimar o apuramento das dívidas» da campanha, mas garante que não irão receber qualquer «subvenção estatal» por ela.

A comunicação social avançou esta semana que, para que o partido pudesse continuar a voar, a solução mais plausível passaria por fazer voar o seu tão querido ‘Caldas’. Uma solução que, segundo o CDS-PP, nem sequer foi alvo de uma reunião. Francisco Tavares, secretário-geral do partido, revela ao Nascer do Sol não ter havido, «no mandato da atual direção», qualquer «oferta ou contrapartida pela saída da sede por parte do patriarcado». Admite, todavia, a «naturalidade» da «compensação» de uma eventual saída do CDS-PP, mas reafirma que essa negociação jamais aconteceu «durante a gestão da atual direção». O Palacete do Caldas, situado no Largo Adelino Amaro da Costa, é propriedade do Patriarcado de Lisboa. O CDS tem beneficiado de um acordo tripartido entre si, o Patriarcado, e a Câmara de Lisboa, sendo que de momento paga 1.200 euros mensais à última instituição (um valor muito baixo para aquela zona de Lisboa). 

Note-se, ainda, que o partido verá reduzida em 60% a sua subvenção mensal, facto que contribuirá para a sua queda financeira. A passo que antes das eleições recebia 70 mil euros por mês, agora, os seus 87 mil votos valer-lhe-ão apenas 20 mil mensais – um valor que, ouviu o Nascer do Sol, obrigará ao corte no número de funcionários do partido.

Hora de arrumar a casa

Apesar de a morte do CDS ser o tema do momento, o partido entende não ser tempo para baixar os braços. Assim, reunirá o Conselho Nacional extraordinariamente já no próximo dia 11 de fevereiro, onde irá para analisar o fraco resultado das eleições e marcar Congresso – que se deverá realizar nos dias 9 e 10 de abril. A reunião começará às 19h00 e decorrerá in loco – e não por videoconferência, como tem acontecido ultimamente – no já descrito Caldas. Além da marcação do Congresso, os conselheiros votarão o regulamento de eleição de delegados, o regulamento do congresso e elegerão a comissão organizadora. 

Recorde-se que, no passado domingo, na sequência do pior resultado de sempre do CDS-PP em eleições legislativas, Francisco Rodrigues dos Santos apresentou demissão imediata, rejeitando a possibilidade de se recandidatar.