Menos balcões e menos trabalhadores

Os bancos continuam a apostar no emagrecimento da suas estruturas e isso reflete-se na redução dos custos operacionais. A tendência é para continuar.

A redução de estruturas continua a ser a palavra de ordem das instituições financeiras. Só no ano passado, o Santander Totta reduziu 1 175 trabalhadores e fechou 79 balcões, no âmbito de um processo de reestruturação que custou cerca de 165 milhões de euros. Deste total, 49 foram através de despedimento coletivo, já a maioria das saídas foi feita através de rescisões por mútuo acordo, reformas antecipadas e pré-reformas. 

No entanto, garantiu que «o banco fez um esforço grande para que as condições fossem boas, oferecendo condições muito acima do mercado». 

Menos satisfeito com esta situação está o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) ao considerar uma afronta aos trabalhadores despedidos pelo Santander Totta o pagamento de dividendos. «O SNQTB critica veementemente o recente despedimento de 1 175 trabalhadores do Banco Santander Totta – dos quais 49 foram incluídos num processo de despedimento coletivo –, isto quando o banco anunciou ontem [quarta-feira] uma subida dos lucros em 2021 e quando revelou que se prepara para pagar dividendos à casa-mãe em Espanha, referentes ao ano de 2019, e que avançará posteriormente para o pagamento de dividendos dos anos de 2020 e 2021», disse em comunicado.

O mesmo cenário de emagrecimento repetiu-se no BPI, em que no final do ano passado, contava com 4 478 colaboradores (-144 em termos líquidos face a dezembro de 2020). Na mesma data, a rede de distribuição totalizava 349 unidades comerciais, entre balcões (297), centros premier (19), centros private banking (3), 1 balcão móvel e centros de empresas e institucionais (29).

Sob pressão
Esta redução verificou-se ainda na Caixa Geral de Depósitos. No final de 2021, o banco público tinha 6 177 trabalhadores, menos 67 do que em 2020. Mas, a par disso, a instituição financeira liderada por Paulo Macedo vê-se a braços com greves no banco face aos salários praticados ainda quando decorriam negociações com os sindicatos. 

Uma situação incompreendida pelo CEO. «O que queremos dizer não é que alguém ganha muito ou pouco. São remunerações adequadas, havendo sempre um ou outro caso pontual. Num banco com estas remunerações não se justifica fazer certo tipo de ações, como greves, quando se está em conciliação [negociação com sindicatos], que não existem noutras instituições onde há trabalhadores com salários baixíssimos, como seja nos têxteis ou no calçado», afirmou, esta sexta-feira.

Em causa está a notícia, entretanto revelada, que o salário mínimo aos seus trabalhadores dos quadros passou para 1.359 euros (valor bruto), incluindo subsídio de alimentação, com a última atualização salarial (de 0,9%), e que o salário médio na instituição passou para 2.462 euros.

Em reação, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Caixa acusou o banco de passar uma «imagem fabricada cuja estratégia é a de colocar os trabalhadores da CGD numa posição fragilizada perante a opinião pública, rotulando-os como um universo de trabalhadores privilegiados, com salários acima da média e prémios invejáveis».