Diagnósticos de covid-19 voltam a subir após um mês em queda

Tendência descrescente de novos casos inverteu-se com aumento de contágios nos jovens. Infeções dispararam em Lisboa.   

Os diagnósticos de covid-19 estão de novo a aumentar no país depois de um mês de descida contínua. A tendência inverteu-se na semana passada e coincide com a maior circulação da variante BA.2 da Omicron, que se tornou dominante em Portugal no fim de fevereiro. Apesar de a incidência publicada diariamente nos boletins da Direção Geral da Saúde, que reflete os últimos 14 dias, ainda não o mostrar, a nova subida de casos verificou-se na semana passada em todo o continente à exceção na região Norte, que está a seguir no entanto a mesma trajetória. 

Os dados publicados pela DGS diariamente, que o i analisou, mostram que na semana passada houve uma subida de 8% nos diagnósticos de covid-19 em Portugal continental face à semana anterior, tendo sido diagnosticados um total de 75 188 novos casos contra 69 440. A subida é mais expressiva na região de Lisboa e Vale do Tejo e no Alentejo, com um aumento na casa dos 24%. Mas em Lisboa os diagnósticos parecem estar a disparar a um ritmo maior do que nas restantes regiões: este fim de semana foram diagnosticados praticamente o dobro de casos face ao anterior, uma subida repentina que embora fosse admitida com o levantamento de restrições não tinha sido antecipada nas projeções apresentadas nas últimas semanas e que sugeriam um caminho progressivo de descida de diagnósticos.

A última previsão tornada pública pela Direção Geral da Saúde foi de que, com a descida de infeções, dentro de duas a três semanas o país poderia avançar para a fase de levantamento total de restrições, aguardando-se a descida da mortalidade. A nova subida de infeções pode no entanto vir a alterar o cenário, dependendo do impacto que vier a ter nomeadamente nos mais idosos, menos expostos ao vírus em janeiro do que os mais novos.

O i tentou perceber junto do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que faz a monitorização da situação epidemiológica a nível nacional, se dada esta inversão existe alguma alteração nas projeções de evolução da pandemia, não tendo sido possível ontem obter resposta.

Os dados do INSA que surgem no boletim diário da DGS mostravam já ontem um aumento do RT para 0,83, uma subida que se vem verificando nos últimos 15 dias desde que o RT atingiu o valor mínimo de 0,69 de acordo com os relatórios semanais do instituto (100 novos casos davam em média origem a 69).

Note-se no entanto que este indicador é consolidado pelo INSA com um desfasamento de uma semana, pelo que ainda não capta o aumento de diagnósticos na semana passada. Tendo em conta a subida de diagnósticos, que implica mais transmissão, o RT já é de novo superior a 1, o que acontece numa altura em que o país tem vindo a testar menos, com a positividade a subir também. 

Na Europa a tendência tem sido de descida de infeções e também de internamentos hospitalares mas alguns sinais para uma possível nova vaga. No Reino Unido a tendência inverteu-se na semana passada, mas não se traduziu para já num aumento de doentes internados e na mortalidade, que em Portugal também têm estado a diminuir. Na Irlanda, de acordo com os dados nacionais, há também uma subida de diagnósticos, com a positividade na casa dos 33%, e aumento de pessoas positivas para a covid-19 nos hospitais. 

Contágios nos mais jovens Os dados desagregados por faixa etária da Direção Geral da Saúde, que o i analisou, mostram que a nova subida nos diagnósticos na semana passada se deveu sobretudo ao aumento de casos nos grupos etários dos 10 aos 19 anos e dos 20 aos 29, com subidas de 36% e 26% respetivamente face a semana anterior. Os diagnósticos subiram também, ainda que mais ligeiramente, nas faixas etárias entre os 30 e 60 anos. Nas restantes, houve uma estabilização, mantendo-se uma tendência decrescente apenas nas crianças mais novas. Em fases anteriores, a subida de infeções nos grupos etários mais novos acabou por estender-se aos restantes, na última vaga de janeiro com menor proporção nos idosos que começaram a receber o reforço vacinal no final de 2021.