OCDE. Guerra pode cortar quase 1,5 pontos no crescimento da zona Euro

Guerra trará graves consequências económicas para as economias europeias e mundiais, alerta OCDE.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE) prevê que a invasão russa na Ucrânia possa tirar quase 1,5 pontos percentuais ao crescimento da economia europeia.

A nível mundial, a OCDE espera que o crescimento económico global seja 1 ponto percentual abaixo devido ao conflito, enquanto a inflação, que já está em patamares históricos, poderá subir cerca de mais 2,5 pontos percentuais.

No entanto, a OCDE começa por notar que “a consequência mais importante da guerra na Ucrânia são as vidas perdidas e a crise humanitária associadas ao grande número de pessoas deslocadas”.

Mas não há dúvidas: as implicações são “significativas”. Antes da guerra, lembra a organização, a maioria das principais variáveis ​​macro económicas globais estavam a voltar à normalidade e o crescimento global para o próximo ano era esperado que chegasse aos valores do período pré-pandémico.

E os dados não são animadores: “Os movimentos verificados nos mercados financeiros desde a eclosão da guerra podem, se constantes, reduzir o crescimento do PIB mundial em mais de um ponto percentual no primeiro ano, com uma profunda recessão na Rússia, e acrescentar cerca de 2,5 pontos percentuais à inflação mundial”, antecipa a OCDE.

Feitas as contas, a Zona Euro será a região – além da Rússia e da Ucrânia – mais afetada com o impacto no PIB a ser de quase 1,4 pontos, mas menos em termos de inflação (2 pontos). No entanto, o impacto poderá ser inferior a um ponto percentual caso haja uma resposta orçamental eficaz.

Segundo o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, “o aperto no fornecimento de commodities resultante desta guerra está a exacerbar as interrupções na cadeia de suprimentos causadas pela pandemia, que provavelmente pesarão sobre consumidores e empresas durante algum tempo. Em termos de política e resposta do mercado, precisamos de manter a cabeça fria. Precisamos tanto de ações sensatas de curto prazo como de ações sensatas de longo prazo”, disse.

E acrescentou que a União Europeia depende muito da Rússia para o fornecimento de energia, lembrando que 27% das importações de petróleo bruto da UE, 41% das importações de gás natural e 47% das importações de combustíveis sólidos vêm da Rússia. Por isso não tem dúvidas: “Levará alguns anos para compensar totalmente esta dependência e construir a segurança energética na Europa, mas a ação deve começar agora”.

Por seu turno, a economista-chefe da OCDE e vice-secretário-geral Laurence Boone defendeu que “assim como a economia mundial parecia estar a emergir depois de dois anos da crise da covid-19, uma guerra brutal e devastadora estourou na Europa”, acrescentando que ainda não se sabe “como isso se desenrolará totalmente, mas sabemos que isso prejudicará a recuperação global e aumentará ainda mais a inflação”.