SOS Racismo repudia decisão do tribunal sobre ida de Mário Machado para a Ucrânia

Para a organização, o apoiante da extrema-direita “não é humanista” e a justiça portuguesa legitimou um nazi, que apenas se voluntaria para “se reunir com um grupo de nazis e para se desobrigar de responder à justiça”. 

O SOS Racismo repudia a decisão do tribunal quanto ao pedido de Mário Machado para deixar de estar obrigado ao cumprimento de uma medida de coação, no âmbito de um processo-crime em que é arguido por indícios de posse ilegal de arma, discriminação racial, discurso e propagação de ódio na Internet, para ir combater para a Ucrânia. Para a organização, a justiça portuguesa legitimou um nazi. 

Num comunicado divulgado pela organização, ao qual o Nascer do SOL teve acesso, a SOS Racismo diz que Mário Machado "é um nazi assumido", cuja caraterística está tatuada no corpo "e presente no seu discurso, no seu passado e no seu cadastro". 

Ao mencionar a pena de prisão que cumpriu e as várias condenações por vários crimes, entre os quais discriminação racial, a organização realça as conhecidas ligações de Mário Machado à extrema-direita europeia, "inclusivamente, ao movimento neo-nazi na Ucrânia". 

"Quando um juiz considera que, perante tudo isto, Mário Machado é um altruísta, um humanista que pode ser dispensado do cumprimento de deveres perante a justiça, para, conforme consta do requerimento do arguido, ir para a Ucrânia prestar ajuda humanitária e, se necessário, combater ao lado das tropas ucranianas, devemos estar muito preocupados", apontou a SOS Racismo, ao sublinhar que a justiça portuguesa legitimou um nazi e consequentemente, "o não cumprimento de medidas de coação, quando um arguido pretende “combater”".

"É uma visão demasiado simplista de um conflito, demasiado despropositada, que não podemos deixar passar em claro, nem sequer admitir", assinalou a organização. 

Para a SOS Racismo, "Mário Machado não é um humanista", notando que o apoiante da extrema-direita "não se voluntariou para ajudar vítimas de guerra – nunca o fez para nenhum dos múltiplos conflitos mundiais, da Síria ao Iraque, da Palestina ao Afeganistão", e agora, no caso da guerra na Ucrânia, Machado apenas se voluntaria para "se reunir com um grupo de nazis e para se desobrigar de responder à justiça". 

"Cabe ao Ministério Público, aos tribunais superiores e ao Conselho Superior de Magistratura reverter esta vergonha. E a todos e cada um e cada uma de nós, impedir este revés sobre a justiça e sobre os direitos humanos", concluí o SOS Racismo em comunicado. 

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