Portugueses devem desejar que máscara “tenha vindo para ficar”, afirma António Costa

“O vírus não deixou de nos usar e continua a andar por aí”, lembrou o PM em declarações aos jornalistas.

“Convém termos a noção que deixámos de usar a máscara, mas o vírus não deixou de nos usar e continua a andar por aí. Continua a contaminar as pessoas, continuam pessoas a adoecer e continuam pessoas a falecer”, advertiu o primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas, após ter sido questionado acerca dos motivos que o haviam levado a usar máscara durante a sessão solene comemorativa do 48º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República.

António Costa explicou que “após dois isolamentos por contactos de risco e mais um isolamento por contração da covid-19”, continua “a tomar cautelas e caldos de galinha”. “Vou usar máscara sempre que houver grandes ajuntamentos em espaços fechados”, esclareceu, frisando que, apesar de o uso de equipamento de proteção individual já não ser obrigatório, todos devemos querer que esta medida “tenha vindo para ficar”.

Na passada quinta-feira, o Presidente da República promulgou a decisão do Conselho de Ministros em terminar com o uso obrigatório de máscara na maior parte dos espaços fechados, sendo que as novas normas entraram em vigor no sábado. Tal como o i noticiou nesse mesmo dia, aquilo que não tinha data certa concretizou-se e o Governo não esperou que fosse atingido o nível de mortalidade estabelecido como meta na resposta à covid-19. Ou seja, 20 mortes por milhão de habitantes a 14 dias.

Importa lembrar que desde o início do mês morreram 415 pessoas com covid-19 em Portugal, quase tantas como no mesmo período do março. A infeção pelo novo coronavírus tem representado 5% das mortes diárias no país, como indicou ao Nascer do SOL o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), considerando que estas têm estado dentro do esperado.

De acordo com dados veiculados, na sexta-feira, pela Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal registou, entre 12 e 18 de abril, 60.083 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, 139 mortes associadas à covid-19 e uma redução de 14 doentes em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Através da análise do boletim epidemiológico semanal da DGS, entende-se que, em relação à semana anterior, registaram-se mais 706 casos de infeção, existindo igualmente uma redução de nove mortes na comparação entre os dois períodos.

Naquilo que diz respeito à ocupação hospitalar em Portugal continental por covid-19, a DGS começou a partilhar, todas as sextas-feiras, os dados dos internamentos referentes à segunda-feira anterior à publicação do relatório. A DGS informava, neste último documento, que, na segunda-feira da semana passada, estavam internadas 1.207 pessoas, mais 35 do que no mesmo dia da semana anterior, das quais 46 doentes em UCI, menos 14. À sua vez, a incidência a sete dias situava-se, nesse mesmo dia, nos 583 casos por 100 mil habitantes, tendo registado um ligeiro aumento de 1% em relação à semana anterior, enquanto o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus SARS-CoV-2 era de 1,00.

“Poderemos ter de tomar novas medidas” “Ninguém sabe o que vai acontecer quando regressarmos ao outono e ao inverno. Há quem diga que, provavelmente, voltaremos a ter covid-19, como tivemos outras infeções respiratórias. E, então, poderemos ter de tomar novas medidas”, afirmou António Costa aos jornalistas, também hoje, indo ao encontro da perspetiva do epidemiologista Manuel Carmo Gomes que, ao Nascer do SOL, disse que é o momento adequado para avançar, mas há que ter a perceção de que o vírus não desapareceu e continua “muito ativo”. 

Isto porque têm sido diagnosticadas diariamente cerca de 10 mil novas infeções, ainda que estas serão apenas uma pequena parte. “A taxa de positividade está nos 25%, o que significa que em cada 100 testes, 25 dão positivo. É evidente que é de esperar que isto acontecesse, porque não fazemos rastreios oportunísticos, apenas quando há sintomas suspeitos. Há uma elevada transmissibilidade e com a saída das máscaras naturalmente o vírus irá circular mais”, revelou, notando que com a população maioritariamente vacinada e manifestações mais ligeiras, os próximos meses deverão permitir continuar a fortalecer a imunidade natural. 

“Se reforçarmos a nossa imunidade na primavera-verão, isso é importante para quando chegar o próximo outono-inverno”, sublinhou não esquecendo, porém, de salientar que com o nível atual de circulação, torna-se mais fácil ser infetado. “Devemos manter aquele mantra que temos desde o início que é proteger os mais frágeis, porque são essas pessoas que estão a morrer com covid-19. Temos tido cerca de 20 óbitos por dia e 75% são pessoas com mais de 80 anos,a maioria com mais de 90”.

A DGS e o INSA adiantaram também que a circulação da linhagem BA.5 da variante Ómicron, que tem mutações com impacto na entrada do coronavírus nas células, tem vindo a registar um aumento em território nacional. Estima-se que a linhagem BA.2 seja responsável por 94,4% das infeções contabilizadas no país. A linhagem BA.5 circula com maior intensidade na região Centro, tendo representado 10,4% das sequências analisadas entre 4 e 10 de abril.