Alta-Comissária para as Migrações diz que descobriu caso de Setúbal pela comunicação social

Esta afirmação foi feita na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, e contraria as declarações proferidas horas antes pelo presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadhoka, que disse ter alertado o ACM para este tipo de situações desde 2011.

Alta-Comissária para as Migrações diz que descobriu caso de Setúbal pela comunicação social

A Alta-Comissária para as Migrações (ACM), Sónia Pereira, garantiu, esta terça-feira, que só descobriu que uma associação russa estava envolvida no acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal quando o caso foi denunciado na comunicação social.

Esta afirmação foi feita na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, e contraria as declarações proferidas horas antes pelo presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadhoka, que disse ter alertado o ACM para este tipo de situações desde 2011.

"Aquilo que foi noticiado foi aquilo que o ACM teve conhecimento, nesse momento em que saiu na imprensa", disse Sónia Pereira, que foi chamada ao parlamento para ser questionada sobre a receção a refugiados ucranianos na Câmara Municipal de Setúbal por funcionários alegadamente pertencentes a associações próximas do regime do Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

A partir do momento em que o organismo teve conhecimento do caso, entrou em contacto com os “parceiros privilegiados”, indicou a ACM.

"Contactámos os centros locais de apoio ao imigrante em Setúbal, para perceber o conhecimento que tinham da situação, de que forma estavam a acompanhar, que atendimentos têm realizado com cidadãos deslocados da Ucrânia", explicou Sónia Pereira.

A responsável ainda clarificou que a autarquia setubalense não tem protocolo com o ACM nem centro local de integração de imigrantes e também “nunca” pediu reunião com o ACM para gerir ou organizar o acolhimento de pessoas refugiadas vindas da Ucrânia, no atual contexto de guerra.

Horas antes, numa audição também na mesma comissão, o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal disse que fez uma denúncia às secretas portuguesas sobre os russos pró-Putin que estavam envolvidos no acolhimento de refugiados, após anos de avisos ao Alto Comissariado das Migrações.

Pavlo Sadoka reiterou que, após o início da invasão russa da Ucrânia, a Associação dos Ucranianos em Portugal começou a receber denúncias de que "organizações que o Alto Comissariado reconhece como de ucranianos", mas que são de facto defensoras do regime de Vladimir Putin, estavam a receber refugiados, a quem pediam informações pessoais e relacionadas com familiares que ficaram na Ucrânia.

Segundo Sadoka, a associação pediu então uma reunião ao Alto Comissariado das Migrações para denunciar a situação, que ocorreu "no início de abril".