Grávida terá perdido bebé por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha

Hospital abriu um inquérito, o Governo fala em constrangimentos “impossíveis de suprir” e Ordem dos Médicos avisa que estes casos podem repetir-se.

Uma grávida perdeu o bebé alegadamente por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha, uma situação que já levou à abertura de um inquérito.

O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste confirmou, em comunicado, na quarta-feira, a urgência obstétrica do hospital das Caldas da Rainha teve constrangimentos no preenchimento da escala médica, o que determinou o encerramento da urgência ao CODU/INEM, após a definição de circuitos de referenciação de doentes com outros hospitais.

“Confirma ainda que se verificou uma ocorrência grave com uma grávida, tendo sido determinada a abertura de um processo de inquérito à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS), no sentido de apurar o sucedido e eventuais responsabilidades”, lê-se no comunicado citado pela RTP.

Na sequência da notícia, avançada esta sexta-feira, o Ministério da Saúde já veio admitir, numa resposta à agência Lusa, que houve "constrangimentos na escala de ginecologia obstetrícia, impossíveis de suprir" e que, por isso, a urgência do Centro Hospitalar do Oeste estava "desviada para outros pontos".

A tutela garantiu ainda "acompanhar o tema, em especial a evolução da situação clínica da utente que está internada no hospital, que se encontra estável e a quem será prestado apoio psicológico".

A Ordem dos Médicos também já reagiu à situação, lamentou a morte do bebé e sublinhou que estes casos podem repetir-se devido ao encerramento de urgências por terem as equipas desfalcadas.

“Nós temos que ter a noção de que não se pode ter equipas desfalcadas e encerramentos de urgências sem consequências, e as consequências advêm de uma crise que já se arrasta há mais de três anos e para a qual temos repetidamente chamado a atenção”, afirmou o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, à agência Lusa.

Alexandre Valentim Lourenço afirmou que é preciso “interrogar quais serão as medidas [a tomar] e porque é que essas medidas não terão sido tomadas, sabendo nós que esta situação é estrutural e afeta múltiplas maternidades na região sul do país”.