Blindados portugueses finalmente a caminho de Kiev

O exército ucraniano recusou os obuses e outro armamento pesado oferecido por Portugal, como metralhadoras, por os considerar ‘antiquados’.  

Catorze blindados de lagartas M113, para transporte de pessoal, oferecidos à Ucrânia pelo Governo português como parte dos planos de ajuda a Kiev no combate contra a agressão russa, saíram ontem do campo militar de Santa Margarida e estão a caminho da Polónia, onde deverão chegar ao fim de sete dias – soube o Nascer do Sol de fonte militar.

  Os veículos, de fabrico norte-americano, seguem por estrada a bordo de camiões com reboque de plataforma pertencentes a empresas de transporte da Polónia, devendo, depois de regressarem àquele país, atravessar a fronteira com a Ucrânia para serem entregues às autoridades militares.

Cada plataforma transporta dois M113, havendo por isso sete camiões envolvidos na operação, os quais foram contratados pelo Governo norte-americano para este fim específico. Aliás, toda a operação é financiada pelos EUA e a Grã-Bretanha, isentando Portugal de fazer refletir os custos no erário, o que aliás corresponde às expetativas que o Governo de António Costa tinha a este respeito.

Entretanto, apurou o Nascer do Sol junto da mesma fonte que a Ucrânia rejeitou a oferta portuguesa de um lote de obuses e de metralhadoras pesadas Browning, por considerar esse equipamento já obsoleto e desadequado no combate que está a travar contra a invasão russa.

De resto, também os M113 possuem já várias décadas de existência mas o Governo de Kiev considera que ainda poderão ter utilidade. Fazem parte de um lote de centena e meia desses veículos adquirido aos EUA em segunda mão pelo Exército português, a preços reduzidos, há quase 30 anos, aquando da diminuição do efetivo militar norte-americano estacionado na Europa na década de 1990, no âmbito do desanuviamento que se seguiu ao fim da Guerra Fria com a queda do Muro de Berlim (1989) e a implosão da União Soviética (1991). Desde então, os M113 têm estado estacionados em Santa Margarida, onde a sua utilização sempre foi escassa, pelo que a oferta à Ucrânia de um décimo do seu efetivo – feita por pressão do Pentágono (Departamento de Defesa dos EUA), como o Nascer do Sol revelou há pouco mais de dois meses – não representa lacuna de monta no equipamento militar português.

Além de munições e de algum material militar ligeiro, Portugal já antes enviara para a Ucrânia, também como oferta, quatro viaturas blindadas M 40.12 WM/P, de fabrico original italiano, que pertenciam à GNR – duas por transporte terrestre e outras duas por via aérea. Estes veículos haviam sido adaptados e melhorados pela GNR quando interveio no Iraque como força de estabilização policial, ao lado dos exércitos norte-americano e britânico, que invadiram e ocuparam o país em 2003.