Impingir o futebol feminino

A promoção desenfreada do futebol feminino não tem nada que ver com desporto, não tem nada que ver com futebol, tem que ver com política. É a ‘ideologia de género’ a funcionar. 

Abrimos a TV e vemos um anúncio ao futebol feminino – seja o futebol de 11, o futsal ou o futebol de praia. Mudamos de canal e vemos mulheres a dar toques numa bola. Passamos à frente e surge Ronaldo a ser substituído a meio de um jogo por uma tal Jéssica. Interrogo-me: o que se passa? Porquê esta ânsia? Qual o motivo de toda esta propaganda?

E este fenómeno não é só de agora, em que decorre um campeonato europeu. Vem de trás.

Há uns tempos vi uma entrevista do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, em que este explicava que uma das razões para a criação do canal 11 (um canal de desporto da federação) foi a promoção do futebol feminino. Mas adiantava que a iniciativa não estava a ter grande sucesso…

Nos anúncios ao futebol feminino, aparece um slogan do tipo «Futebol sem géneros». E aí percebemos o porquê de tanta propaganda. A promoção desenfreada do futebol feminino não tem nada que ver com desporto, não tem nada que ver com futebol, tem que ver com política. É a ‘ideologia de género’ a funcionar. 

O objetivo é provar que homens e mulheres são iguais, que não há diferenças, pelo que as mulheres podem tanto jogar futebol como os homens.

Mas se assim é, por que razão, até hoje, o futebol foi quase exclusivamente um jogo de rapazes? As coisas ou são naturais ou não funcionam. Tudo o que é artificial dificilmente terá sucesso. Aquilo que não vem do fundo, que não brota naturalmente, que é impingido de cima para baixo, não vinga. 

Desde o seu aparecimento, o futebol cresceu naturalmente, nunca precisou de publicidade, impôs-se por si, começou a arrastar multidões, ultrapassou fronteiras, tornou-se uma atividade planetária. Toda esta propaganda poderá levar algumas raparigas mais ‘militantes’ a jogarem à bola, mas nunca conseguirá mudar o curso da história.

O futebol foi inventado por ingleses, e na minha família dizia-se que o meu avô paterno, Virgílio Paula, participou no primeiro jogo de futebol que houve em Portugal, entre uma equipa de ingleses que estava cá a montar o cabo submarino e uma equipa de portugueses. 

Não faço ideia se a história é verdadeira. Mas o facto é que, desde esse primeiro jogo, se viu que o futebol é um desporto de grande contacto físico, um jogo ‘viril’ (palavra agora proibida), pouco adequado a pessoas frágeis ou com certas características físicas. 

Quando vejo um jogo de futebol feminino arrepio-me ao ver certos choques, ao assistir a lances em que as jogadoras levam violentas pancadas no peito. E pergunto-me: será que não sofrem com isso? Que, no futuro, não virão a ter problemas por causa disso?

Na minha infância, na rua onde vivia, em Belém, havia uma equipa de futebol. De rapazes, naturalmente. Porquê? Porque os pais proibiam as filhas de jogar à bola? É possível que, nalguns casos, isso acontecesse. Mas não era a regra. As meninas não jogavam à bola porque não gostavam desse contacto físico permanente, de levar caneladas, de apanhar com boladas no corpo. Pela mesma razão, os rapazes mais timoratos também não entravam no jogo.

Claro que havia uma ou outra rapariga que fugia à regra. Lembro-me de uma entrevista feita no jardim de sua casa ao jornalista Carlos Pinhão – um considerado jornalista de A Bola a quem tenho uma dívida de gratidão, pois publicou os meus primeiros artigos naquele jornal – em que ele falava de uma filha que era uma «maria rapaz», pois adorava futebol.

E, a ilustrar essa afirmação, por trás da cadeira onde se sentava via-se uma menina a dar toques numa bola. Era a futura jornalista Leonor Pinhão. Que tinha a paixão do futebol – jogado e escrito. Mas era uma exceção.

As propagandistas da ideologia de género recusam-se a admitir que homens e mulheres são diferentes, que são mental e fisicamente diferentes, e portanto não têm obrigatoriamente de fazer as mesmas coisas. 

O futebol feminino é um pouco como as ciclovias: tiveram de as fazer à força, complicando o trânsito nas cidades, mesmo não havendo ciclistas. E assim vemos em certas zonas filas intermináveis de automóveis – e ao lado ciclovias desertas.

As coisas, repito, têm de acontecer naturalmente. Nas regiões do país mais favoráveis às bicicletas, como no Oeste, os ciclistas apareceram – sem que, para isso, fosse preciso construir ciclovias ou fazer anúncios.

Em várias questões, passámos do 8 ao 80. As sociedades têm uma imensa dificuldade em encontrar um ponto de equilíbrio. Antes as raparigas eram reprimidas se jogassem à bola; qualquer dia serão obrigadas a jogar à bola. 

A substituição de Ronaldo por Jéssica, na tal propaganda de que falei, não foi obra do acaso. Já não faltará muito para que se criem equipas mistas – e se estabeleçam quotas mínimas para as mulheres. Primeiro timidamente, exigindo-se, por exemplo, duas ou três mulheres por equipa; mas depois rapidamente, caminhando-se para a paridade.

E assim se matará o futebol.

Por um lado, porque os homens têm mais força física – pelo que os jogos com equipas mistas serão sempre muito menos intensos; depois porque, por maior que seja a propaganda, haverá sempre muito mais rapazes do que raparigas a jogar à bola – e, portanto, a base de recrutamento feminino será muitíssimo menor. 

Mas isto não vai parar – e a ideologia de género vai ter consequências incomparavelmente mais graves e profundas do que se julga.

Pensemos no seguinte: o que levou à ditadura comunista que se instalou na então União Soviética e em boa parte do Globo? 

A ideia de igualdade.

A ideia de igualdade é uma ideia perigosíssima. Em seu nome cometeram-se as maiores atrocidades. Como as pessoas são diferentes, para que sejam ‘iguais’ é necessário haver repressão, tanto mais forte quanto maiores forem as diferenças. 

Ora, que maior diferença pode haver do que entre homens e mulheres? Para que sejam entendidos como ‘iguais’, para que não se diferenciem, será necessária uma repressão brutal.

Caminhamos, pois, para uma ditadura. E isso já começa a sentir-se, na ferocidade com que são atacados os que fogem à cartilha.