António Costa é, de longe, o melhor político português?

Do que se tem visto desde que António Costa (AC) se tornou governante, ele nunca deu provas de ser capaz de nada do que atrás ficou dito – pelo contrário.

por António Silva Carvalho

Já se tornou quase indiscutível, mesmo entre comentadores que não têm a menor simpatia pelas ideologias socialistas (por exemplo José Miguel Júdice ou João Miguel Tavares), a opinião segundo a qual o actual primeiro-ministro e líder do PS é, sem sombra de dúvidas, “o melhor político nacional da sua geração”.

Ora eu, que não concordo com esta afirmação – embora tenda a subscrever, quase sempre, as posições políticas dos dois analistas citados –, pergunto: o que é, e o que se espera de um político muito bom?

Salvo evidência em contrário, o que “toda a gente” espera de um político/governante muito bom é que seja capaz de encontrar, e pôr em prática, a melhor solução para os mais graves problemas do país; que seja capaz de antever e prevenir os maiores dramas colectivos, dificuldades e falhas com que os portugueses e as nossas empresas terão de se confrontar a curto, médio e longo prazo; que tenha visão e capacidade para preparar o país o melhor possível, de modo a que ele possa aguentar-se internacionalmente, tendo em conta os desafios globais do mundo de hoje e do futuro previsível.

Pois bem: no meu entender, e do que se tem visto desde que António Costa (AC) se tornou governante, ele nunca deu provas de ser capaz de nada do que atrás ficou dito – pelo contrário.

Tem-se revelado, de facto, um exímio propagandista de si próprio e do PS, mas tendo sempre em vista (geralmente de forma enganosa) convencer os portugueses a votarem no que ele diz. E, sob esse aspecto, tem tido enorme sucesso, até chegar ao ponto de, na última eleição legislativa, conseguir uma maioria absoluta, como é bem sabido.

Porém, quanto àquilo que era realmente importante ou vital para os portugueses – sobretudo para os mais desfavorecidos –, não só tem deixado ficar quase tudo por resolver, como se verifica um progressivo agravamento da situação nacional, em termos absolutos e em termos relativos no espaço europeu.

Tanto em relação às finanças e à economia (estagnação, empobrecimento, endividamento colossal) como na Saúde (quase nada parece funcionar devidamente no SNS), na Justiça, na Educação, nas chamadas Infraestruturas, na Habitação, na Administração Interna (exemplo: incêndios rurais), etc., etc., o que vemos é que existem, cada vez mais, problemas graves nacionais a acumularem-se, para os quais não são encontradas boas ou razoáveis soluções.

É claro que AC não é responsável pela criminosa guerra que Putin decidiu impor à Ucrânia e ao Ocidente/NATO, tal como não lhe cabem as culpas pelas consequências desastrosas que as alterações climáticas globais estão, cada vez mais, a trazer a Portugal e ao mundo. Mas, por exemplo, será que já tomou alguma iniciativa concreta no sentido de preparar o país para “sobreviver” à seca extrema que já está a afectar, por vezes dramaticamente, a maior parte do nosso território? Nunca lhe ocorreu, em especial, a necessidade de se proceder à dessalinização da água do mar? E a criação de centrais de biomassa, quando é que serão concretizadas?

Bem sei que, hoje em dia, governar um país tornou-se uma tarefa muito mais difícil e complexa do que era, digamos, há 20 ou 30 anos. É algo que exige (ou antes: que requer) equipas formadas por pessoas muito mais dotadas, preparadas, e capazes do que antigamente. E a impressão que tenho é que, desgraçadamente, no nosso país a maior parte das pessoas que enveredam pela actividade política não são as melhores, mas antes as pouco dotadas e capazes, só porque aceitam obedecer cegamente ao chefe do partido. 

Por isso, quando se diz que AC “é muito melhor político do que todos os outros”, o que verdadeiramente se quer dizer é que ele – apesar de não ser capaz de resolver a maior parte dos problemas do país –, é muitíssimo mais hábil e convincente a obter votos, e também a manipular os media a seu favor, o que tem um efeito determinante.

Quando eu era jovem, e por cá se vivia em ditadura, creio que a maior parte das pessoas era suficientemente arguta para distinguir entre os bons políticos e os “vendedores de banha da cobra”, como então eram chamados.

Agora, embora vivamos em democracia e com liberdade de expressão, a ideia que tenho é que existem cada vez mais portugueses prontos a serem enganados por qualquer demagogo.

Não obstante a avaliação relativamente desfavorável que aqui faço de António Costa enquanto governante e primeiro-ministro, se porventura me perguntassem como o comparo com Vladimir Putin, Donald Trump, Xi Jinping, Nicolás Maduro ou outros líderes mundialmente famosos e do mesmo calibre, diria que, sem dúvida, o considero bastante melhor, ou menos mau, do que qualquer um desses líderes políticos mencionados –, o que significa que, ao fazê-lo, não estou refém de nenhuma ideologia partidária, seja de esquerda ou de direita. O que fiz foi, unicamente, dar a minha opinião pessoal sobre um determinado protagonista político que, depois de Salazar, é aquele que dispõe de maior poder (e exerce-o) sobre quase todos os aspectos da vida nacional – os expressos, e os tácitos.

 

22 de Julho de 2022        

                                               António Silva Carvalho