Temperaturas sobem após início de outono marcado por chuva

Apesar das chuvas de setembro, o ministro do Ambiente já avisou que o país não pode “baixar a guarda” relativamente à seca. 

Depois de dias chuvosos e da tempestade Gaston – sendo que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) revelou, na quinta-feira, que esta tempestade tropical atravessaria os Açores entre as ilhas dos Grupos Ocidental e Central e o momento “mais severo” da sua passagem seria entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado – as temperaturas subirão ligeiramente hoje.

Por exemplo, Lisboa passará de uma temperatura máxima de 23ºC para 26ºC, Setúbal de 25ºC para 28ºC e Santarém de 26ºC para 28ºC. No entanto, estas temperaturas não se aproximam daquelas que foram registadas na semana passada. De acordo com informação disponibilizada online pelo IPMA, no dia 20 de setembro, a temperatura mais elevada de que houve registo foi verificada pela estação de Alvega, isto é, 36.5ºC. No dia seguinte, 35.4ºC em Pinhão (Santa Bárbara), na quinta-feira 34ºC na de Alvega, na sexta 31.8ºC nesta mesma estação e, no sábado, 29.6ºC em Castro Marim (RN Sapal).

Contudo, existe um fator que continua a ser preocupante independentemente das alterações da temperatura: a seca extrema que se vive no país. Apesar de as chuvas de setembro terem ajudado “a estancar a perda de água em muitas barragens”, o ministro do Ambiente avisou, na sexta-feira, que não se pode “baixar a guarda”. No decorrer da sessão de inauguração do Parque dos Marmelos, em Oliveira do Hospital, Duarte Cordeiro abordou as previsões de precipitação para o resto do mês e de outubro e disse que as mesmas dão “alguma esperança”.

“Mas, temos que ter bem a noção que o contexto é de uma alteração estrutural”, avançou, dizendo que “este ano tivemos provas muito claras da urgência de nos adaptarmos a esta situação”. Para além disso, o dirigente explicou que o ano hidrológico, que termina dentro de aproximadamente uma semana, foi “excecionalmente seco” na Europa e surtiu grande impacto na Península Ibérica.

“Fomos afetados com quatro ondas de calor e vivemos a situação de seca hidrológica mais grave deste século, devido à conjugação invulgar de temperaturas e fraca precipitação. Este é o quinto ano seguido com precipitação abaixo da média”, afirmou, lembrando as medidas, como “a restrição do uso de água para produção de eletricidade”, que têm vindo a ser adotadas desde fevereiro. “O objetivo era muito simples: tentar moderar e poupar água para o que é essencial. Temos um território muito desigual e temos de trabalhar, desde logo, nesta dimensão essencial que é ter água para o nosso futuro”, declarou.

Recorde-se que, no mês passado, o i já havia noticiado que, de acordo com o IPMA, para que a seca se tornasse menos grave, teria de haver, sensivelmente, 150 mm de precipitação em setembro e 175 mm em outubro. No ano passado, a quantidade de precipitação no período homónimo foi de 172,8 mm, o que correspondeu a aproximadamente 69% do valor médio. Deste modo, o IPMA percecionou que o outono do ano passado foi o terceiro mais seco desde 2020, com novembro a ser um mês particularmente seco, tendo sido contabilizados menos 90,5 mm de chuva relativamente ao valor médio.