ONU alerta para “gravidade da seca” e pede eficiência do uso da água

“A gravidade da seca em Portugal é realmente impressionante”, disse relator especial da ONU.

Portugal tem vivido um período de seca extrema, e o panorama levou a que o relator especial para os Direitos Humanos e o Meio Ambiente das Nações Unidas (ONU) fizesse declarações sobre a situação em que o país se encontra.

“A gravidade da seca em Portugal é realmente impressionante. Quando viajámos pelo país, foi realmente devastador ver como a paisagem está após estes muitos meses de seca”, disse David Boyd, numa conferência de imprensa realizada no Oceanário de Lisboa.

“Podemos usar a água de forma muito mais eficiente, seja em eletrodomésticos ou em sistemas industriais que reciclam e reutilizam a água em circuito fechado”, disse, adiantando que o maior utilizador de água em Portugal é o setor agrícola e realçando que, “dadas as circunstâncias atuais”, urge apostar em tipos de culturas que requerem menos água para o seu desenvolvimento.

“Precisamos de encontrar formas de utilizar a água de forma muito mais eficiente na agricultura e as suas soluções tecnológicas, como a irrigação gota a gota, que pode custar mais do que a irrigação convencional, mas que é muito mais amigável do ponto de vista da eficiência hídrica”, salientou, avançando que a possível reciclagem de água em algumas cidades portuguesas poderá vir a estar em cima da mesa.

“Usar a água com muito mais eficiência será uma solução menos cara e menos prejudicial ao meio ambiente do que a dessalinização. A dessalinização tem custos muito elevados, também requer energia e produz resíduos”, frisou, garantindo também que é necessário que os sistemas de abastecimento de água – quer ao nível de água potável, quer nos sistemas de águas residuais – sejam monitorizados “e alvo de uma manutenção regular é uma peça essencial do puzzle, porque isso é água que está a ser desperdiçada”.

Em Espanha, o El Mundo veiculou que o Governo espanhol vai dar o passo em frente com o Plano Hidrológico da Bacia do Tejo, que prevê cortar 105 hectómetros cúbicos de água por ano a partir de 2027: isto é, mais 40% da média anual para as regiões de Almería, Múrcia e Alicante – e por consequência para Portugal. Segundo o jornal, o plano será aprovado no final de outubro ou início de novembro, para que o mapa hídrico de Espanha seja concluído em dezembro.