Ucrânia. Inaugurou-se uma “nova era de defesa aérea”

Kiev ainda anunciou avanços a nordeste de Kherson. Há motivos para a guarnição russa estar nervosa.

O Ucrânia entrou numa “nova era de defesa aérea”, declarou o seu ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov, no Twitter, jubilante com a chegada das primeiras das plataformas de mísseis IRIS-T prometidos pela Alemanha.

Os bombardeamentos russos contra alvos civis, esta semana, já causaram esse dissabor ao Kremlin, ao levar Berlim a tomar a iniciativa. Isto no mesmo dia em que a Ucrânia se gabou de reconquistar cinco localidades – Novovasylivka, Novogrygorivka, Nova Kamyanka, Tryfonivka e Chervone – no nordeste de Kherson, cuja guarnição russa até recentemente estava sob comando direto do general Sergei Surovikin. 

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Esta cidade portuária, estratégica para qualquer avanço que o Kremlin sonhe fazer rumo a Odessa, num futuro que parece distante, pouco a pouco vai ficando em maior risco de ser cercada. Vladimir Putin tem insistido em colocar a nata das suas forças aqui, apontam analistas. Mas mesmo assim os russos continuam a recuar, tendo abandonado recentemente posições no oeste de Kherson.

O Kremlin assegurou que foi uma retirada programada, para posições mais vantajosas. “Os russos dizem que organizaram a sua retirada. Mas quando organiza a sua saída, não deixa armas, cuecas e almofadas”, notou um socorrista ucraniano, à conversa com a France Press. Tropas ucranianas mostram-se convictas de que a moral inimiga é baixa e sonham conseguir entrar em Kherson antes deste inverno. E, como tal, também antes da chegada dos prometidos 300 mil novos recrutas russos, ainda que a sua potencial eficácia no campo de batalha seja questionada.

Cada vez mais há a sensação que Putin “errou totalmente nos cálculos” ao invadir a Ucrânia, como descreveu esta quarta-feira Joe Biden, numa entrevista à CNN. Não só o Presidente americano anunciou o envio ao ucranianos de Nasams, defesas antiaéreas avançadas de fabrico norueguês, como o arsenal russo de mísseis de precisão e longo alcance está quase esgotado, avaliou uma fonte na NATO à Reuters.

Assim sendo, a vingança de Putin pelo ataque à ponte de Kerch, esta segunda-feira, saiu cara, custando-lhe uns oitenta mísseis de longo alcance, segundo números avançados pelo Governo ucraniano.